19 março 2007

Prefere um cafezinho ou um chazinho bem quentinho?


Muitos erros de ortografia resultam da falta de acentos, mas também do seu excesso.

É o que acontece em palavras como cafezinho, chazinho e sozinho, as quais muita gente insiste em grafar com acento: *cafézinho, *sózinho, *cházinho.

Ao associar o sufixo -zinho às palavras café, chá e , o acento tónico (mais forte) passou a recair na sílaba zi, razão pela qual não faz sentido manter o acento gráfico que existia nas palavras primitivas (se pronunciarmos essas palavras pausadamente, verificamos que a sílaba forte é, sem dúvida, a sílaba zi).

Esta regra é válida para qualquer palavra derivada por sufixação, cuja palavra primitiva contenha um acento gráfico. Veja-se, por exemplo, os advérbios terminados em -mente: as palavras obviamente e psicologicamente não precisam de acento agudo, pela mesma razão: ao associar o sufixo -mente às bases óbvio e psicológico, o acento tónico avançou para a sílaba men, exigindo a supressão do acento gráfico que existia nessas palavras.

A propósito, prefiro um chazinho bem quentinho a um café!

Não convém esquecer também que o verbo preferir rege a preposição a: “preferir uma coisa a outra” e não “do que outra”.

7 comentários :

Anónimo disse...

Também prefiro o chazinho :)
Beijinhos

Anónimo disse...

Ainda hoje falamos disto. Este Blog é mesmo uma ferramente importante.

P.S. Eu cá prefiro o café!

Anónimo disse...

A propósito de chazinho, cafezinho e de outras palavras formadas do mesmo modo, tenho uma dúvida que gostaria de ver esclarecida. O artigo faz referência ao artigo –zinho. Ora, penso que não se trata do sufixo –zinho, mas sim de –inho, indicador da ideia de diminutivo. Assim, o “z” não passaria de uma consoante de ligação para desfazer o hiato criado pela sequência de duas vogais, neste caso chainho e cafeinho. Será? Agradeço o esclarecimento da dúvida. Já agora, entre o chazinho e o cafezinho, não hesito: um bom café sabe bem a qualquer hora… Quanto a chainho sei de um, que é jogador de futebol. Mas aí, não sei se se trata de nome de baptismo ou de alcunha…

Anónimo disse...

Olá, boas! Como estão todos por aqui? deixem-me contar esta pequena aventura comercial! Fui a uma loja que tinha muitos brinquedos, jogos e muitos peluches super fofinhos.. Mas eis que o inesperado acontece quando peguei num belo ursito que dizia: "És o meu fôfinho", eram dezenas de peluches todos com este grave erro, alertei a d. da loja dizendo-lhe que os peluches tinham um erro, pois a palavra fofinho nâo leva qualquer acento, expliquei o porquê dando alguns exemplos que ouvi nas aulas... O que acontece é que a sra. ficou a olhar para mim como se eu estivesse a dizer a maior asneira do mundo... Será que devemos aceitar alguns erros de Língua Portuguesa, para não sermos criticados? Sinceramente já não sei o que é melhor.

Anónimo disse...

Para Im:
Nunca ouviu dizer que «vozes de burro não chegam ao céu»? Então? Se a sra. da loja quer ser burra, isso é lá com ela. Quanto a si, continue a defender a língua mais bela do mundo - a nossa – mesmo que possa parecer uma luta perdida. Não se esqueça que era a preferida de Vénus (pelo menos é o que Camões nos deixa entender no seu magnífico poema “Os Lusíadas” no episódio do concílio dos deuses…)

S. Duarte disse...

Nuno, há, de facto, consoantes de ligação em Português, como por ex. o -l- em chaleira e o -t- em cafeteira. No entanto, muitos autores defendem que, tal como -inho, -zinho é um sufixo, que se associa preferencialmente a palavras que terminem em ditongo (paizinho, mãezinha) ou em consoante r ou n (amorzinho, bonzinho).
Alguns até os designam sufixos avaliativos, no caso de -inho e z-avaliativos, no caso de -zinho.

Anónimo disse...

Gostei muito, exatamente o que pensei: cafezinho simples sem ac(ss)ento no balção do bar da esquina.Obrigado, Hamilton