27 maio 2010

Qual a diferença...


entre:

apreçar e apressar

ceara e seara

caçar e cassar

pontoar e pontuar

sediar e sedear

?

15 maio 2010

Jornada da Leitura

Na próxima terça-feira, dia 18 de Maio, quem quiser assistir à primeira Jornada da Leitura no ISEC só tem de se dirigir às nossas instalações no Lumiar e procurar o edifício D, que fica ao fundo do parque de estacionamento.
Haverá comunicações de escritores e professores, oficinas e exposições. Apareçam!

11 maio 2010

"Deixá-los falá-los, que eles calalão-se hão-se!!"


Outra das dificuldades sentidas pelos meus alunos - relacionada com a que expus no texto anterior - é a conjugação pronominal.
Percebe-se porquê: na linguagem corrente (que é praticamente o único registo que utilizam, acima do coloquial ou familiar) substituem-se habilmente as formas verbais que dificultam a utilização de pronomes (como o Futuro do Indicativo e o Condicional) por outras, que acabaram por adquirir o mesmo valor semântico - precisamente para evitar o embaraço de hesitar, ou de usar uma combinação errada de verbo-pronome, e até para não cair na cacofonia de certas construções perfeitamente correctas mas muito mal sonantes.
Dou exemplos: dizemos "fazia-te jeito" em vez de "far-te-ia jeito", "tinha-vos dito" em vez de "ter-vos-ia dito" e "vão dizer-vos" em lugar de "dir-vo-lo-ão".

E a progressiva raridade das formas pronominalizadas do Futuro do Indicativo e do Condicional, em que os pronomes são incomodamente "entalados" entre o radical do verbo e a respectiva marca de tempo e pessoa - um verdadeiro dinossauro das línguas latinas - faz com que as gerações mais novas não as reconheçam, não saibam construí-las, nem vejam a sua utilidade.

Porém, hoje, em vez de me lamentar, resolvi deixar aqui alguns exercícios práticos, para quem queira desenferrujar (ou começar a treinar) a sua capacidade para pronominalizar os verbos conjugados.

Reescreva as formas verbais, substituindo os complementos sublinhados por pronomes, conforme o exemplo:
Ex.: Comunicarão o resultado da prova a vocês todos em breve.
       Comunicar-vo-lo-ão

a)     Eles dão os livros à biblioteca.
b)     Fiz as colagens ontem.
c)     A professora quer as respostas a azul.
d)     A minha avó faz a cama ao meu irmão todos os dias.
e)     Comes a sopa tão depressa, que nem a aprecias!
f)      O chefe de mesa aconselhou o prato do dia à minha sogra.
g)     Devolve já as bonecas à tua irmã!
h)     Recomendei um livro aos alunos.
i)      Daria uma guloseima a vocês os dois, se comessem a sopa.
j)      Obrigada por teres trazido os livros.
l)      É melhor deixares a gata sossegada.
m)    Traz lá a salada!

04 maio 2010

O pretérito mais-que-perfeito simples: uma espécie em extinção?

Reparo que os meus alunos têm cada vez mais dificuldades em reconhecer e utilizar as formas dos verbos no pretérito mais-que-perfeito simples, muito provavelmente porque se tem preferido utilizar as formas compostas, ficando as simples reservadas para um registo formal cada vez menos usado, mesmo na escrita.

Parece-me que, hoje, só quem lê textos literários escritos há mais de 50 anos tem a oportunidade de ir assimilando essas flexões verbais, de modo a poder reconhecê-las e usá-las com naturalidade.

A que é que me refiro? Por exemplo, a palavras como dissera e frequentara (formas simples do pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo), vulgarmente conhecidas como "tinha dito" e "tinha frequentado" (formas compostas).
Como resultado da queda em desuso deste tempo verbal na versão simples, alguns dos meus alunos (do ensino superior) têm sérias dificuldades em apresentar-me formas de verbos irregulares, mas frequentes, como dar, fazer e pôr no mais-que-perfeito do indicativo. Mesmo sabendo de antemão qual é a desinência que se usa, -ra, cometem erros de abrir a boca, como "darara", "fazera", e "pora".
Será importante salvar o pretérito mais-que-perfeito do indicativo simples da extinção, promovendo o seu uso e a sua aprendizagem explícita na escola?
Para muitos, provavelmente não. Para mim sim, quanto mais não seja para melhor se poder "decifrar" o que escreveram os nossos escritores de ontem. Ou será que qualquer dia se vai achar natural "traduzir" para o português de hoje os contos de Miguel Torga, por exemplo, para que os adolescentes os possam ler e perceber?

Talvez me digam que não vale a pena ler os contos de Miguel Torga...