30 março 2009

Gazes?

Será que existem gazes e gases? Se sim, quais serão os mais malcheirosos?!







24 março 2009

Os [média] e não: [os mídia]

Parece irónico, mas os próprios meios de comunicação social pronunciam incorrectamente esta palavra. Mas afinal, porquê [média] e não [mídia]?
Porque se trata de uma palavra latina, e por isso devemos respeitar a sua fonia e grafia originais, ou seja, pronunciando o e aberto - [média] -, mas escrevendo sem qualquer acento gráfico: media.
Uma informação adicional: trata-se de uma palavra no plural, cujo singular é medium.
Portanto, tal como temos: o curriculum/os curricula; o corpus/os corpora; temos: o medium/ os media!

Nota: no português do Brasil, a pronúncia é [mídia].

19 março 2009

Que tal um banho no aquário e peixes na piscina?!





Um dos malabarismos da língua que mais me divertem é este:

piscina, que vem de peixe em latim (piscis), passou a significar tanque de água (onde não é suposto haver peixes), para nadar.

aquário, que significava, simplesmente, relativo à água, é que agora serve para lá colocar os peixes!...



Foto de Nuno Pavão

16 março 2009

Alugar ou arrendar um apartamento?

Apesar de a maioria dos dicionários referir que os verbos arrendar e alugar são sinónimos, é aconselhável o uso do verbo arrendar quando se trata de bens imóveis, por exemplo: “arrendar uma casa, um apartamento”, e do verbo alugar, quando nos referimos a bens móveis: “alugar um carro, uma bicicleta”.
Esta afirmação tem por base o artigo 1023º do Código Civil, que diz que “a locação diz-se arrendamento quando versa sobre coisa imóvel, aluguer quando incide sobre coisa móvel.”
Curioso é o facto de, quando de uma casa de férias se trata, se preferir o termo aluguer em vez de arrendamento, talvez porque o período de tempo de locação seja curto. Pelo menos, não tem um cariz tão longo quanto o da locação de uma casa de habitação.

O que é certo é que são os falantes quem faz a língua. E é a língua que faz a lei.
Será que o termo aluguer passou a referir também a locação de um bem imóvel por um curto período de tempo? O que vos parece?

10 março 2009

palavras-crianças

De entre os processos de formação de palavras novas, a afixação será o mais produtivo e, também, o mais previsível. Aliás, é tão fácil criar palavras com base naquelas que já existem, juntando-lhes prefixos ou sufixos, que o fazemos diariamente, sem dar por isso, e ficaríamos surpreendidos com a quantidade de termos que, apesar de serem usados com frequência, nem sequer constam dos dicionários.
Experimentem, por exemplo, procurar no Priberam, que é bastante actual, as palavras sistematicidade (de sistemático + -idade), potenciador (de potencia(r) + dor) e intermutável (inter- + mutável)... Ou façam outra experiência interessante: procurem-nas no dicionário on-line da Porto Editora (onde não constam) e depois consultem a Infopédia, da mesma editora, que apresenta vários textos em que elas são utilizadas! Curioso, não?!
Estas jovens palavras, tão discretas na sua novidade, são facilmente interpretadas e podem ser usadas nos mais diversos contextos, mas ainda não fazem parte do léxico "oficial" apenas por causa da sua tenra idade... é uma questão de tempo! Deixemo-las saborear a liberdade de andarem por aí a brincar nas nossas cabeças, como crianças irreverentes. Porque é também nisso que reside a beleza das línguas vivas.

07 março 2009

Os habitantes de Torres... Novas, Vedras e outras!

Nem sempre é fácil saber qual é o nome gentílico, ou pátrio, referente aos habitantes de certas cidades e vilas. É o caso dos naturais de Torres, que podem ter diferentes designações. Assim, temos:

o torrejão, ou torrejano, habitante de Torres Novas
o torriense, ou torresão, habitante de Torres Vedras
o torrense, habitante de Torres, no Rio Grande do Sul, Brasil

Esta pluralidade de nomes tão parecidos causa, naturalmente, alguma confusão. E ontem, após a nossa comunicação na Expolíngua, fomos abordadas por uma estudante torriense, que nos questionou sobre a possibilidade de haver mais do que uma designação aplicável às pessoas naturais da sua terra. Respondemos que sim, mas a nossa resposta não foi suficientemente clara, por termos confundido, nós também, os diferentes adjectivos/nomes derivados do topónimo Torres, que se aplicam aos habitantes de cidades distintas que partilham esse nome.
Aqui fica, portanto, o nosso pedido de desculpas... e o esclarecimento que acima deixámos.

03 março 2009

"Graffitis", "pizzas" e frangos anglo-saxónicos


Se é verdade que os graffiti incomodam muita gente, não se pode propriamente dizer que os "graffitis" incomodam muito mais. No entanto, há pessoas que se enervam quando ouvem alguém falar de "graffitis" e têm uma certa razão: é que a palavra italiana graffiti já está no plural, sendo o substantivo singular graffito. Portanto, explicam esses ilustres defensores da nossa língua e da coerência gramatical, não faz qualquer sentido flexionar duplamente uma palavra no plural. É tão absurdo como dizer "verõesãos"...
Mas como fazer ver aos portugueses que a palavra que importaram já está no plural e, portanto, devem referir-se a um
graffito ou a vários graffiti? Decerto não será fácil, dado que para nós o plural dos nomes leva, por defeito (e salvo raras excepções), um -s no fim...
Afinal, se quisermos ser puristas, também devemos dizer
pizze no plural, dado que a forma pizza também não se flexiona em número, em italiano, por meio da junção do -s ao nome singular...
Podemos sentir-nos um pouco envergonhados por causa da "ignorância geral" e insistirmos em usar graffiti quando nos referimos a muitos desenhos feitos nas paredes e muros. Mas também podemos tolerar esse plural mal formado como um sinal da inevitabilidade das mudanças menos informadas que sempre ocorreram nas línguas. Afinal, não se pode esperar que os falantes saibam todos de onde vieram e como foram formadas as palavras que usam! E em todos ou quase todos os idiomas deve haver casos assim, de formas equivocadas que acabaram por vingar. Pensemos por exemplo em
chicken (frango), que era o plural de chick, em inglês (como child/children), e passou a designar o singular, sendo hoje normal usar-se o duplo plural (ainda que um deles agora passe despercebido) chickens.