17 junho 2022

"Volte sempre que..." - com vírgula ou sem?

Como sabemos, a vírgula pode fazer uma grande diferença em certas frases, alterando completamente o seu significado.

No caso desta mensagem do Lidl, a vírgula (que deveria ser usada imediatamente antes da palavra que) faz falta na frase, pois marca a fronteira entre a oração principal («Volte sempre») e a oração subordinada explicativa, iniciada pela conjunção que.

«Volte sempre, que já estamos com saudades.»

Por outras palavras, sugerimos ao/à cliente que "volte sempre", pois sentimos a sua falta, assim  que este/esta se vai embora.

Note-se que, neste tipo de frase, a palavra que pode ser substituída pela conjunção porque, na medida em que introduz o motivo ou explicação da oração anterior:

«Volte sempre, (por)que já estamos com saudades.»

Portanto, esta é uma boa maneira de saber se a conjunção que requer vírgula ou não: se for substituível por porque, ficamos a saber que sim.

Para que fosse correta a ausência de vírgula entre as palavras sempre e que, teríamos de ter uma frase de outro tipo. Por exemplo:

«Volte sempre que quiser.»

ou

«Venha à nossa loja, sempre que lhe apetecer.»

Nestes casos, a palavra que não é uma conjunção explicativa. Faz parte da locução subordinativa temporal sempre que e é por isso mesmo que não deve ser precedida por uma vírgula, pois esta quebraria a ligação entre os seus dois termos. 

Pode, porém, haver vírgula antes da palavra sempre: essa vírgula separa, com toda a legitimidade, as duas orações.

«Venha à nossa loja» - oração subordinante

«sempre que lhe apetecer» - oração subordinada temporal.