20 março 2007

“SMSs” ou “SMS’s”?

(Este texto foi escrito por sugestão do Jaime!)

Quem é que não teve já uma dúvida deste tipo, fosse com a sigla SMS, fosse com outra qualquer, como CD ou DVD...?

Se o plural de palavras estrangeiras leva algumas pessoas a franzir o sobrolho e a hesitar na escrita (e há quem não hesite e escreva barbaridades como “atelieres”, “collant’s” ou “design's”), o plural das siglas pode revelar-se ainda mais problemático para mais gente.

De facto, onde e como devemos colocar o s ?

A resposta mais lógica e rigorosa é... em lado nenhum! Na verdade, não se justifica adicionar a uma sigla uma letra a mais (que não é inicial de nenhuma palavra e, portanto, não faz parte dela). Devemos dizer e escrever vários CD e não “vários CDs”, muito menos vários CD’s”. Porque, bem vistas as coisas, mesmo que o nome representado esteja no plural (por exemplo, bilhetes de identidade ou "ateliers" de tempos livres), as iniciais que compõem a sigla permanecem as mesmas, ou seja, temos os BI e os ATL. Portanto, sempre SMS – seja plural ou singular.

Este é um dos casos em que as gramáticas simplificam, mas os falantes complicam!

10 comentários :

Dulce disse...

Ora bem!
Por acaso há dias encalhei nuns DVD...
Esse erro não volto a dar.
Obrigada!

Anónimo disse...

Ora aí está! É caso para dizer: ainda bem que há só uma ONU. Vejam lá se houvesse mais? A confusão seria dupla: por causa do (hipotético) plural e porque se com uma já se sabe como é, imagine-se o que seria com duas... E a propósito: como se pronuncia ONU? Cá para mim é [ONÚ] e não [ÓNU]

S. Leite disse...

Olá, Nuno!
Tendo em conta que ONU é um acrónimo, ou seja, que as respectivas letras se devem pronunciam como palavra (e não separadamente: "ó-éne-u"), então não faz sentido pronunciar ONU como palavra grave, porque a sílaba tónica natural de uma palavra terminada em U, para um falante de português, é a última. Para se ler "ÓNU", seria necessário que o O tivesse acento gráfico. É claro que, quando os jornalistas começam a pronunciar a palavra sistematicamente como sendo grave, ainda que sem legitimidade, há logo meio mundo que vai atrás!...

Anónimo disse...

Pois é =\ eu escreve sms's e cd's =p
Beijinho

Augusto R.C. D`Oliveira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Augusto R.C. D`Oliveira disse...

A palavra DVD é uma palavra inglesa e o seu plural é DVDs. DVD significa Digital Versatile Disc. Você poderá ler mais a respeito da palavra no Wiktionary: http://en.wiktionary.org/wiki/DVD

S. Leite disse...

Sim, é certo, Augusto, mas aqui falamos de língua portuguesa, não de inglês! O que queremos dizer é que as siglas, no nosso idioma, não devem ser escritas com s quando designam mais do que um elemento, independentemente das regras aplicadas noutras línguas (das quais essas siglas possam ter sido importadas).

Unknown disse...

Nossa. Obrigado. Ajudou muito com relação aos SMS (SMS's) kkkk.

Anónimo disse...

E o que dizer de PMs, quatro GPs, 8 HPs, TVs, etc.?
Há o plural nas abreviações constituídas de redução de palavras, inclusive as que se indentificam como siglas, porém o s em caixa baixa, o que deixa claro que o s não é uma redução.

Adri Mellos disse...

Acho que há um engano, pois o plural das siglas se faz com "s" minúsculo sim, excetuando-se quando a sigla já termina em "s", conforme Academia Brasileira do Direito, Cláudio Moreno, Maria Tereza de Queiroz Piacentini e outros, conforme segue:
"(...) a praxe consagrou o uso do “s” no plural das siglas e sem o apóstrofo, como lecionam Gilberto Scarton e Marisa M. Smith:
Siglas: flexão e produção de derivados. As siglas estão de tal modo incorporadas ao vocabulário do dia-a-dia que passam a sofrer flexões de número, com o acréscimo, ao final, de um s minúsculo:
CPI: Comissão Parlamentar de Inquérito
CPIs: Comissões Parlamentares de Inquérito.
Obs.: Nesse caso, não se deve usar o apóstrofo: CPI's”. [ii][2]
Em igual sentido, a lição de Hélio Consolaro:
"RESPOSTA: plural de CD é CDs (...).
À mesma linha filia-se Maria Tereza de Queiroz Piacentini:
"Em segundo lugar, gostaria de tratar do plural das siglas, que infelizmente às vezes é feito de maneira errônea, com um intrometido apóstrofo antes do s. Tal grafia não é nem cópia do inglês, porque nesse idioma o s indica posse, e não plural. Em português, para pluralizar as siglas, basta a anexação do s (minúsculo):

· As APAEs têm prestado valiosos serviços.

· O ex-governador Brizola visitou os CIEPs construídos na sua gestão.

· Os CTGs espalharam-se por toda Santa Catarina.

· Foi aplaudido depois do seu discurso endereçado aos PMs". [iv][4]

É também o entendimento de Cláudio Moreno:
"Por que levar as siglas para o plural? Olha, parece-me que os portugueses (os da Internet) não costumam fazê-lo. Não existe ninguém (não há um deus da gramática, ...) que possa dizer se eles estão certos ou errados; podemos apenas comparar duas hipóteses e optar pela que parece ser mais lógica e consistente. Eu, por exemplo, sigo a lição do meu grande mestre Celso Pedro Luft, que ensinava que as siglas, no momento em que são substantivos (mesmo criados artificialmente, são substantivos, exercendo todas as funções sintáticas reservadas a essa classe de palavras), passam a ter plural, que é assinalado, no Português, pelo acréscimo do "s": "a convenção anual das APAEs", "o valor estava expresso nas antigas ORTNs"; "as CPIs estão paralisando o governo"; "o local parecia ser o preferido pelos ETs" ; e assim por diante (como, aliás, é feito com as abreviaturas, das quais as siglas são irmãs: drs., srs., etc.)
No mesmo sentido, a lição de Regina Toledo Damião e Antonio Henriques:
“Uma palavra a respeito das Siglas. Trata-se de conjunto de maiúsculas que representam nomes de instituições, repartições, entidades públicas ou particulares. Aparecem acompanhadas ou não de ponto. Assim, MEC ou M.E.C.; SUDAM ou S. U. D.A.M.
· Com respeito ao plural das siglas, aceita-se o uso do s (minúsculo) para efeito de pluralização: PMs, INPMs, MPs (membros do Parlamento)”. [vi][6]
Portanto, e sem desmerecer o entendimento da vertente que entende em sentido diverso, adota o presente trabalho o posicionamento de que nada impede que as siglas sejam grafadas no plural e recebam o “s” minúsculo em sua parte final, mas sem o apóstrofo
". Fonte: http://www.abdir.com.br/doutrina/ver.asp?art_id=1334&categoria=Linguagem%20Forense