21 setembro 2007

“Informamos que” ou “de que”?

O verbo informar requer, à partida, dois complementos, um deles directo (informamos alguém) e o outro preposicionado (sobre ou de alguma coisa).

Em princípio, estando os dois complementos presentes na frase, a preposição exigida antes do segundo complemento não deve ser omitida. Portanto, “Informamos os nossos estimados clientes de que o estabelecimento se encontra encerrado para obras”.

No entanto, é possível que, na frase, esteja ausente o complemento directo (a pessoa ou entidade a quem se informa). Nesse caso, é legítimo omitir a preposição de antes da conjunção que: “Informamos que o estabelecimento se encontra encerrado.”

Alguns autores consideram correctas as construções em que se omite o de, mesmo quando o complemento directo está presente (pelo que também seria aceitável escrever “Informamos os nossos estimados clientes que o estabelecimento se encontra encerrado”). O que todos consideram INCORRECTO é usar a preposição de nos casos em que o complemento directo está ausente: “Informamos de que o estabelecimento se encontra encerrado”.

13 comentários :

Anónimo disse...

De tempos em tempos tenho esse género de dúvidas. Sempre pensei que a diferença era só o "de que" dar um ar mais rebuscado à frase.

S. Leite disse...

Há realmente construções que podem variar ligeiramente, conforme o registo em que escrevemos ou falamos. Mas,
a meu ver, é perigoso usar o "de" com esse critério... Talvez seja por essa razão que muita gente usa as expressões "como deve de ser" e "penso de que", que são incorrectas.

Anónimo disse...

Acho que "penso eu de que" era o que o boneco do Pinto da Costa, no Contra-informação, dizia. Primeiro dizia a ideia e depois terminava com "penso eu de que". Sempre me perguntei se terão ido buscar tão estranha expressão ao Pinto da Costa ou se simplesmente inventaram.

S. Leite disse...

Acho que ele deve tê-la dito, num momento de infeliz incorrecção sintáctica! O Contra Informação depois encarregou-se de ridicularizar o erro, tornando-o o "ex-libris" verbal do boneco. Acontece que, na oralidade, todos nós somos capazes desses deslizes...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

"Incorrecção sintáctica"? "Ex-libris verbal"? Aqui 112% da malta não parece o que dizes! :-) Para seres mais inteligível, devias dizer algo como:

«Portantos, é que, 'tás a ver pá, um gajo a falar e coiso pá, diz umas coisas pá, que, é pá, portantos saem assim meio... pá.»

Mais a sério, a respeito dos "portantos" (no plural!), tive uma professora no secundário que se referiu a essas palavras como "bengalas". Penso que terá usado esse nome porque as pessoas "apoiam-se" nessas palavras para construir a frase ou para ganhar tempo para pensar. Talvez na esperança de que assim que disserem a primeira palavra - a palavra mágica "portantos" - o resto da frase "saia" com naturalidade. Ou porque o mais difícil é começar, e começar sempre com "portantos" facilita.

(Nota que na frase anterior e também nesta uso vírgula antes de um "e", e embora me tenham ensinado que é incorrecto, fica bem!)

S. Leite disse...

Essa professora explicou bem o que, em termos mais eruditos, se designa como "bordões" de linguagem. Ora, um bordão é mesmo uma espécie de bengala. Mas a prof usou um termo mais fixe, pà malta captar, tás a ver?

Anónimo disse...

Ya, 'tou a topar. :-)

světluška disse...

No Brasil em vez de bengalas dizemos muletas neste contexto.

Lucy disse...


Olá!

Haja mais alguém a tentar salvar a nossa língua! É de arrepiar o que se vê por aí.

Já agora, em que é que ficamos? É "cheguei à conclusão de que..." ou "cheguei à conclusão que..."

Desde já obrigada pela atenção.

Lúcia

S. Leite disse...

Olá, Lucy. Chegamos à conclusão DE alguma coisa, porque o substantivo conclusão requer a preposição DE. Mas podemos concluir algo (sem DE, porque o verbo concluir não exige preposição a seguir). Assim:
Cheguei à conclusão de que isto é complicado; concluo que isto é complicado.

Anónimo disse...

Estou escrevendo um e-mail para um cliente, e devo informar que sua entrega foi realizada..
Devo escrever ''Recebi a informação da transportadora de que os vinhos foram entregues'' ou Recebi ainformação da transportadora que os vinhos...''??

S. Leite disse...

"de que os vinhos foram entregues" seria a minha opção. Cumprimentos!