“Informamos que” ou “de que”?
O verbo informar requer, à partida, dois complementos, um deles directo (informamos alguém) e o outro preposicionado (sobre ou de alguma coisa).
Em princípio, estando os dois complementos presentes na frase, a preposição exigida antes do segundo complemento não deve ser omitida. Portanto, “Informamos os nossos estimados clientes de que o estabelecimento se encontra encerrado para obras”.
No entanto, é possível que, na frase, esteja ausente o complemento directo (a pessoa ou entidade a quem se informa). Nesse caso, é legítimo omitir a preposição de antes da conjunção que: “Informamos que o estabelecimento se encontra encerrado.”
Alguns autores consideram correctas as construções em que se omite o de, mesmo quando o complemento directo está presente (pelo que também seria aceitável escrever “Informamos os nossos estimados clientes que o estabelecimento se encontra encerrado”). O que todos consideram INCORRECTO é usar a preposição de nos casos em que o complemento directo está ausente: “Informamos de que o estabelecimento se encontra encerrado”.
13 comentários :
De tempos em tempos tenho esse género de dúvidas. Sempre pensei que a diferença era só o "de que" dar um ar mais rebuscado à frase.
Há realmente construções que podem variar ligeiramente, conforme o registo em que escrevemos ou falamos. Mas,
a meu ver, é perigoso usar o "de" com esse critério... Talvez seja por essa razão que muita gente usa as expressões "como deve de ser" e "penso de que", que são incorrectas.
Acho que "penso eu de que" era o que o boneco do Pinto da Costa, no Contra-informação, dizia. Primeiro dizia a ideia e depois terminava com "penso eu de que". Sempre me perguntei se terão ido buscar tão estranha expressão ao Pinto da Costa ou se simplesmente inventaram.
Acho que ele deve tê-la dito, num momento de infeliz incorrecção sintáctica! O Contra Informação depois encarregou-se de ridicularizar o erro, tornando-o o "ex-libris" verbal do boneco. Acontece que, na oralidade, todos nós somos capazes desses deslizes...
"Incorrecção sintáctica"? "Ex-libris verbal"? Aqui 112% da malta não parece o que dizes! :-) Para seres mais inteligível, devias dizer algo como:
«Portantos, é que, 'tás a ver pá, um gajo a falar e coiso pá, diz umas coisas pá, que, é pá, portantos saem assim meio... pá.»
Mais a sério, a respeito dos "portantos" (no plural!), tive uma professora no secundário que se referiu a essas palavras como "bengalas". Penso que terá usado esse nome porque as pessoas "apoiam-se" nessas palavras para construir a frase ou para ganhar tempo para pensar. Talvez na esperança de que assim que disserem a primeira palavra - a palavra mágica "portantos" - o resto da frase "saia" com naturalidade. Ou porque o mais difícil é começar, e começar sempre com "portantos" facilita.
(Nota que na frase anterior e também nesta uso vírgula antes de um "e", e embora me tenham ensinado que é incorrecto, fica bem!)
Essa professora explicou bem o que, em termos mais eruditos, se designa como "bordões" de linguagem. Ora, um bordão é mesmo uma espécie de bengala. Mas a prof usou um termo mais fixe, pà malta captar, tás a ver?
Ya, 'tou a topar. :-)
No Brasil em vez de bengalas dizemos muletas neste contexto.
Olá!
Haja mais alguém a tentar salvar a nossa língua! É de arrepiar o que se vê por aí.
Já agora, em que é que ficamos? É "cheguei à conclusão de que..." ou "cheguei à conclusão que..."
Desde já obrigada pela atenção.
Lúcia
Olá, Lucy. Chegamos à conclusão DE alguma coisa, porque o substantivo conclusão requer a preposição DE. Mas podemos concluir algo (sem DE, porque o verbo concluir não exige preposição a seguir). Assim:
Cheguei à conclusão de que isto é complicado; concluo que isto é complicado.
Estou escrevendo um e-mail para um cliente, e devo informar que sua entrega foi realizada..
Devo escrever ''Recebi a informação da transportadora de que os vinhos foram entregues'' ou Recebi ainformação da transportadora que os vinhos...''??
"de que os vinhos foram entregues" seria a minha opção. Cumprimentos!
Enviar um comentário