16 maio 2007

Dúvidas precisam-se

“Dúvidas precisam-se”... Será esta construção correcta? Cheguei a um ponto em que tenho dúvidas sobre cada frase que ouço ou digo, em português. Maldita profissão!

É que, embora aprenda muito a duvidar de mim própria, há muitas perguntas que ficam sem resposta, mas que nem por isso são esquecidas – voltando insistentemente para me atormentar. Perdoem-me o desabafo, mas o excesso de dúvidas sem resolução incomoda-me. Foi talvez por isso, também, que abracei com tanto entusiasmo a ideia de criar este blogue.

No entanto, agora que assumi a função de esclarecer as dúvidas alheias (além das minhas), de oferecer a todos respostas sobre as suas perguntas de português, deparei-me com a falta delas. Não de respostas, mas de perguntas. Não há por aí ninguém a quem eu possa esclarecer?

16 comentários :

Anónimo disse...

É isso mesmo. Ao contrário do que se poderia pensar, quanto mais se sabe, mais dúvidas aparecem. Estou longe de me considerar um sabichão, mormente em matérias relacionadas com as Letras. Mas, à medida que procuro aprender, sinto-me cada vez mais longe da sabedoria.

Anónimo disse...

Professora, acho que a sua dúvida é pertinente, eu identifico-me muito com esse tipo de questões até porque existe agora uma expressão muito em voga na minha roda de amigos que é - "Vou te perguntar uma pergunta/questão". Isto para mim não faz sentido nenhum, a palavra "perguntar" ja´assume a acção de ir fazer a pergunta/questão, tal como para mim a palavra "Dúvidas" assume a questão de necessidade/resposta. Será que o que eu acabei de argumentar faz algum sentido? Afinal também tenho dúvidas!!!

Maariah_r disse...

Assim de repente tenho uma;

Diz-se

"duzentas gramas"

ou

"duzentos gramas"

S. Leite disse...

Bem, Luís, acho que se refere a mais uma redundância típica da linguagem corrente (tal como "subir para cima" ou "tenho um amigo meu"). Mas tudo se complica quando usamos a palavra "questão" quando não nos referirmos necessariamente a uma pergunta (por exemplo na frase "isso é uma questão de justiça").
"Duzentos gramas", Maariah. "Grama"
é masculino. Afinal, não diria "duas quilogramas", pois não?!
Obrigada pela pergunta ;)

Anónimo disse...

"Dúvidas precisam-se" deve ser do mesmo género de "Empregado precisa-se". Diria que essas frases resultam do desejo de escrever um anúncio contendo o menor número de palavras possível. A forma que soa mais correcta, "Precisa-se de empregado", tem as desvantagem de ter um "de". Para nos livrarmos do "de", ou optamos por "Precisa-se empregado" ou "Empregado precisa-se". A segunda não soa menos mal do que a primeira? Talvez por isso se opte pela segunda.

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

S. Leite disse...

Bem pensado, Jaime. Como vês, tens uma boa percepção da realidade ;)

Anónimo disse...

Olá, boa tarde. Passei por cá e decidi deixar-vos um input! Eheheh! Desculpem o mau jeito:
Preciso de saber se as siglas têm ou não plural. Por exemplo: PALOP. A própria sigla já siginifica uma expressão no plural: "Países Africanos...".
E, por exemplo, ATM? São os Multibancos e afins. Será que tem plural?
E, tendo, será sem apóstrofo, espero! É que um grande mau hábito é escrever "ATM's". Eu penso que é ATMs.
Ou tão simplesmente ATM, por não ter plural.
Será?
Muito obrigada!
Sandra

S. Leite disse...

Olá, Sandra. Já respondemos a essa questão no artigo intitulado "SMS's ou SMSs", que encontrará facilmente clicando (na pesquisa por temas) em "siglas", ou usando este "link": http://linguamodadoisec.blogspot.com/search/label/siglas
Obrigada na mesma!

Unknown disse...

Olá, tudo bem?
Podem me ajudar com uma questão?
Não sou muito bom em verbos...

IPEA_05_ASSESSOR ESPECIALIZADO_QUESTÃO 3. Se fizesse algo que ninguém nunca fez, quem poderia ditar minha conduta (...)? Uma nova e correta articulação dos tempos e modos verbais da frase acima está em:

(A) Se fizer algo que ninguém nunca terá feito, quem pôde ditar minha conduta?

(B) Se vou fazer algo que ninguém nunca tenha feito, quem poderá ditar minha conduta?

(C) Se fiz algo que ninguém nunca tivesse feito, quem haverá de ditar minha conduta?

(D) Se estou fazendo algo que ninguém nunca fizera, quem virá a ditar minha conduta?

(E) Se fiz algo que ninguém nunca tivesse feito, quem estivera ditando minha conduta?

Podem me explicar?
Fico agradecido. Que Deus os abençoe!

Unknown disse...

Alguém pode comentar essa questão?

Nenhum país muda sua matriz energética...

O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima está na frase:

(A) A safra atual de cana está porevista em 414 milhões de toneladas...
(B) ... que a curto prazo não há expectativa muito grande...
(C) As expectativas são conservadoras...
(D) Para que isso aconteça...
(E) ... que outros países entrem forte na produção canavieira e na produção de álcool

Muito grato!

S. Leite disse...

Sílvio, parece-me que a única frase em que os tempos verbais são compatíveis e estão correctamente empregados é a B.

S. Leite disse...

Quanto ao seu segundo desafio, no meu entender a escolha certa é de novo a B, pois o verbo haver, tal como o verbo mudar, exige complemento directo.

CCAC 15 - Diaca Moçambique disse...

Como se deve escrever ?
Empregados, precisa-se ou
Empregados, precisam-se ?

José Teixeira

S. Leite disse...

Recomendo Empregados precisam-se (sem vírgula), pois esta construção assemelha-se a uma passiva. É como se disséssemos que os empregados são "precisados" por alguém, logo, o verbo concorda em número com esse nome, que é como se fosse o sujeito (embora o sujeito seja indeterminado, pois não se sabe quem precisa dos empregados).

pg disse...

Dúvida! Mais bem (cotado, marcado, escrito, etc.) ou melhor ...?
Por que é que se vê tantas vezes na imprensa e nos media em geral a forma "mais bem" que julgo errada...?
\Pedro George

S. Leite disse...

As locuções "mais bem" e "mais mal" devem empregar-se sempre que se siga um particípio verbal. Por exemplo: Este desenho está mais bem feito do que o outro" (e não "melhor feito"); "Prefiro o bife mais mal passado" (e não "pior passado").