Cuidado com a vírgula!
Há tempos, havia por Lisboa cartazes que sensibilizavam a população para a necessidade de reciclar as pilhas. O texto, destacado no meio de um fundo verde, era simplesmente assim:
NO LIXO, NÃO
NO PILHÃO.
Repararam como a vírgula, aliada à falta de pontuação logo após o advérbio não, compromete o sentido da frase?
É que, em muitos casos, a vírgula serve para separar orações. Assim, e sabendo que a linguagem publicitária é muitas vezes elíptica, podíamos perfeitamente interpretá-la da seguinte forma:
1ª oração – uma imperativa, com omissão do verbo e do objecto directo: “[deitem as pilhas] no lixo,”
2ª oração – outra imperativa, com as mesmas omissões: “não [as deitem] no pilhão”.
Resultado: veiculava-se, ali, exactamente o oposto do que se pretendia!
4 comentários :
«No lixo, não no pilhão»!? :-) Aí a publicidade devia estar a jogar com a mudança de linha para que a interpretação seja «No lixo, não. No pilhão». Este exemplo é muito engraçado.
O meu pai conta regularmente a história de uma lei que tinha um artigo cuja interpretação dependia da presença ou não de uma vírgula, e que por isso deu origem a confusão. Não sei ao certo a história.
Sim, Jaime. Parece-me que a mudança de linha ali valia como ponto. Mas isso não é escrever correctamente!
Há várias histórias sobre a importância da pontuação nas mensagens escritas. Uma bem conhecida é a de um testamento sem pontuação que tem interpretações diferentes, conforme as vírgulas e os pontos que sejam colocados no texto. Se a memória não me falha, é qualquer coisa como:
"Deixo tudo a meu irmão nada aos meus sobrinhos não será paga a conta do alfaiate nada aos pobres". Experimenta colocar-lhe a pontuação mais conveniente, tendo em conta que poderias ser tu o irmão, um dos sobrinhos, o alfaiate ou um pobre!
Mas que blogue interessante.
Não o conhecia, voltarei a visitá-lo, parabéns pela ideia e forma diferente de blogar temas.
Obrigada, Rui. Volte sempre!
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