Acentos a menos
Agora é a vez dos “pecados por defeito”: erros ortográficos por falta de acentos.
E não me venham dizer que os acentos não servem para nada, porque servem e servem muito. Reparem como nos seguintes exemplos a presença ou ausência de acento dá origem a uma palavra diferente:
- estudámos (Pretérito Perfeito do Indicativo) / estudamos (Presente do Indicativo)
- pôr (verbo) / por (preposição)
- pára (verbo parar) / para (preposição)
- influência (nome) / influencia (verbo)
- contínua (adjectivo) / continua (verbo)
Gostaria ainda de salientar algumas palavras graves terminadas em ão, que são frequentemente escritas sem acento: *benção, *orfão, *orgão e *sotão.
Eu até sei porque é que isso acontece. Generalizou-se a ideia de que o til é um acento gráfico e, por esse motivo, hesita-se em colocar um acento na primeira sílaba destas palavras, porque “ficariam com dois acentos e isso não é possível em Português”.
Ora, convém esclarecer que o til não é um acento gráfico, mas sim uma marca de nasalidade, indicando vogais nasais (ex. irmã) ou ditongos nasais (ex. irmão). Normalmente, este ditongo coincide com a sílaba tónica (leão, coração, etc.), mas há casos em que pode não coincidir. Em bênção, órfão, órgão e sótão, o acento tónico encontra-se na primeira sílaba.
Experimentem pronunciar pausadamente estas palavras, sem acento, e vão verificar que a tónica recairá na sílaba em que ão se inclui. Vão com certeza achar graça a essa prosódia!
Estas palavrinhas são muito vaidosas, por isso, não se contentam com um adereço apenas, e exigem sempre mais um! Digam lá se não ficam bem mais elegantes com dois!
bênção, órfão, órgão e sótão
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