Erro à vista II
Decididamente, estou a ficar um pouco lerda.
Então, há dias, quando consultei aquele artigo da Infopédia, não reparei num outro erro gritante, mesmo junto ao "reinvindica"?
"Em 1948, com o apoio da ONU, nasce o Estado de Israel, novamente um centro político para os Judeus. Dão-se, por outro lado, início a novos tormentos, resultantes da oposição árabe a esta nação, com a qual se envolvem em guerras frequentes e duras."
Os leitores atentos encontraram-no com certeza.
Já não sei se devo censurar os profissionais da editora em causa, que publicam textos cheios de "gralhas", se me devo censurar a mim própria, que não reparo em metade delas... de qualquer modo, e censuras à parte, uma coisa é certa: trata-se uma boa fonte de desafios gramaticais para este blogue!
10 comentários :
Olá bom dia S. Leite!!
"Dá-se (...) início" em vez de "Dão-se (...) início", penso eu...!
Não será "Dá-se início" em vez de "Dão-se início"?
"(...) resultantes da oposição árabe a esta nação, com a qual se ENVOLVE em guerras frequentes e duras."
Dá-se início, pois claro.
Quanto à sugestão do Nuno, parece-me bastante pertinente, uma vez que o verbo "envolve" pode bem referir-se a um sujeito singular: a palavra "nação" ou a expressão "oposição árabe" - dependendo do ponto de vista (a oração relativa final gera ambiguidade nesse sentido).
Contudo, [Eles] "envolvem" afigura-se-me aceitável, por concordar com o nome "Judeus", ainda que esse referente esteja um pouco longe, na frase anterior.
S. Leite
Aprecio sobremaneira este blogue pela qualidade dos textos.
Os meus parabéns pelo excelente trabalho que apresentam.
Quanto a "gralhas" informo que nas minhas horas vagas trabalho, desde 2001, sobre o Dicionário de Expressões Populares Portuguesas de Guilherme Augusto Simões editado pelas Publicações Dom Quixote.
Até ao presente momento tenho registadas 1675 das ditas, em 675 páginas de texto. Nada mau!
Há meses também reclamei para a Porto Editora, depois de ler um livro por eles editado e que ainda está nas prateleiras das Livrarias.
Nele, entre erros, gralhas e demais disparates,detectei 38 falhas.
É o que temos!
No momento em que estou a escrever o presente texto, ouço na TVI, uma Senhora Reporter da Estação que, em Valença,disse e repetiu "irão-se" em vez de "ir-se-ão"!
Recordo ainda uma recente entrevista dada pelo Dr. Medina Carreira a Mário Crespo onde, ao abordar o tema da Educação no nosso País exibiu uma palavra escrita por um Licenciado: "Axavão" quando deveria ter escrito "Achavam".
Coisas do nosso tempo, no nosso Portugal Democrático...
Obrigada, Manuel.
Creio que em todos os tempos se sentiu alguma "crise" no uso da língua (como na sociedade em geral), por variadas razões relacionadas com factores histórico-culturais.
Tenho pensado que o problema de hoje não será tanto a falta de leitura (talvez nunca se tenha lido tanto), mas a falta de qualidade das leituras que se fazem. O que se lê hoje está cheio de erros, omissões e abreviaturas, são escritas apressadas que visam comunicar e não educar ou proporcionar prazer através da escrita enquanto arte. Quando há preocupação estética com a escrita imediata do quotidiano, essa preocupação serve interesses comerciais (publicidade) e pouco mais. Por outro lado, a democratização da escrita e da publicação permitiu que os maus escritores se misturassem com os bons no mercado, de tal forma que é agora difícil seleccionar um livro de boa qualidade, entre os muitos que se vendem nas livrarias. Mas acho que tem toda a razão em dizer que o Plano Nacional de Leitura é uma perda de tempo, à partida, porque os objectivos que pretende atingir requerem métodos complementares, como uma boa revisão das obras literárias que se estudam na escola.
Infelizmente, "o que temos" não chega. Será que alguém pode ainda fazer alguma coisa?
S. Leite
Bondade sua em responder aos meus comentários.
Acredite que bastas vezes formulo a pergunta com que termina o seu texto. Céptico como sou, a primeira resposta que me vem à mente é um amargo Não.
Todavia, recordadando os meus tempos de menino, eu assisti a um milagre:
Um Senhor que se chamava Caloust Gulbenkian mais um Senhor que se chamava Dr Azeredo Perdigão entenderam mandar à minha terra, periodicamente, uma carrinha cheiínha de livros com uns Senhores que os emprestavam de graça, repito de graça, a quem os quizesse ler.
Não esquecerei jamais as palavras meigas, entusiasmantes e também responsabilizadoras desses bravos homens que amavelmente, peregrinando de terra em terra, nos franqueavam as portas dum mundo de maravilha que hoje recordo, com lágrimas nos olhos. Ler, ler muito, ler os livros que que eles nos aconselhavam com uma frase que sempre aguçava a nossa curiosidade: "Vais gostar muito de ler este!".
E o milagre deu-se: nunca mais perdi o gosto pela leitura.
Para os obreiros desse milagre, o meu reconhecimento e gratidão.
Ora este exemplo permite-me crer que se pode sempre fazer alguma coisa e estou, pela parte que me toca, disponível para dar sugestões.
Muitas pessoas haverá ainda com mais vontade e certamente com muito mais sabedoria que eu, para congregar esforços para pôr os Portugueses a ler, com critério, o belíssimo espólio da LITERATURA PORTUGUESA.
Este comentário já vai longo, mas não resisto a colocar um desafio:
Será possível, no Blogue "Língua à Portuguesa", abrir um concurso de ideias para conseguir tal objectivo?
Parece-me uma óptima ideia. Mas nem sei bem como concretizá-la, honestamente. Em que moldes decorreria o concurso? Que prémio para o vencedor? E que fazer com as sugestões, enviá-las, por cortesia, para o Ministério?
Talvez o caro leitor Manuel tenha a amabilidade de nos dar sugestões nesse sentido...
S.Leite
O concurso (desafio ou apelo como lhe quiera chamar) que eventualmente o "Língua à Portuguesa" pudesse promover, não teria outro fim que não fosse o cumprimento de um dever pátrio.
Os mais esclarecidos têm a obrigação distinta de promover a Língua e Cultura pátrias como, de resto, muito bem se faz neste excelente Blogue e no excelente Ciberdúvidas.
O maior prémio é o sentido do dever cumprido.
O conjunto das ideias recolhidas, depois de devidamente seleccionadas e hierarquizadas deveriam ser apresentadas ao Ministério da Educação como muito bem diz.
Será que ficaria indiferente?
Eu dou-lhe o benefício da dúvida.
Claro está que o texto do Concurso tem de ser elaborado por MESTRES que amem Portugal e a LÍNGUA PORTUGUESA.
Confio em VÓS.
Os meus cumprimentos
Manuel
até apetece escrever: dasse!
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