Meio-dia e meio e setecentos e oitenta e um euro
Há duas tendências portuguesas para o erro de expressão que me parecem particularmente engraçadas, enternecedoras, até.
Uma é o «meio-dia e meio». Acho bonita esta vontade incosciente de harmonizar a expressão, que ganha sem dúvida uma musicalidade mais interessante, fica com uma prosódia mais rica, quando a última palavra se torna o eco perfeito da primeira. «Meio-dia e meia», depois de ouvirmos «meio-dia e meio», torna-se esquisito, mal-sonante, quase absurdo.
Fora de brincadeiras: «meio-dia e meio»... quê? Se for meio-dia, mais outro meio, estaremos a referir-nos, afinal... à meia-noite?! Se dissermos «meio dia e meia», fica subentendida a palavra hora. Pode não soar tão bem, mas é correcto.
Outra é o «euro» singular dos número cujo último algarismo é 1. Por exemplo, no extenso dos cheques: «setecentos e oitenta e um euro». Uma questão de concordância, pois claro!! Se o numeral um é singular, não ficaria nada bem segui-lo do nome plural euros. E no tempo dos escudos havia já quem se regesse por essa lógica: «novecentos e noventa e um escudo.»
Dá vontade de perguntar: se só um é que é euro, os setecentos e oitenta são o quê? Palhaços?
2 comentários :
Yeah!! Finalmente encontro um blog ou.. alguém que "portuguesmente" anda em concordância comigo... Ai como é difícil explicar a certas pessoas o que, em português, está correcto, simplesmente porque é o nosso português...! Este blog, na verdade, tem-me ajudado imenso! Adoro Português, adoro a Língua Portuguesa... é fascinante! Não sou dona do conhecimento linguístico, mas esforço-me sempre por falar e escrever em Bom Português! Obrigada!
100querer ou então não, ainda bem que... digo correctamente.
:))
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