As partidas que os "és" nos pregam
Este, confesso, é dos erros que a mim me apanham desprevenida. Até já publiquei algures neste blogue um texto onde escrevi "vêm" em vez de "vêem", ou vice-versa. Só muito mais tarde corrigi o erro e foi preciso que alguém me alertasse para isso! Assim, não é para condenar ou ridicularizar ninguém que aqui coloco esta fotografia, mas apenas para ilustrar o texto, com uma imagem colorida e elucidativa.
Mas a pronúncia, se dissermos a palavra muito devagar, não engana, ainda que em nenhum dos casos (vêm ou vêem) as letras tenham uma correspondência lógica ou inequívoca com os sons.
No caso da flexão do verbo vir (e na pronúncia-padrão para o português europeu), temos, nas duas sílabas, o mesmo ditongo nasal: [vαjαj] (por favor, imaginem que há um til por cima dos ditongos, que eu não consigo lá pô-lo!). Já na flexão de ver, temos apenas um ditongo, sendo que a primeira sílaba nem sequer é nasal: [veαj] (agora imaginem o til apenas sobre as duas vogais finais).
Ora, à partida, não faz propriamente sentido que, vêem, de ver, se escreva com dois "és", ao passo que vêm, de vir, se escreva apenas com um, dado que, em ambos os casos, há mais do que um som vocálico em causa. Porém, eu costumo dizer aos meus alunos: quando há dois sons diferentes para o e - [ve]-[αj] - precisamos de duas letras e: vêem. Quando o e tem o mesmo som, [vαj]-[αj], basta uma: vêm.
Será que isto ajuda? Espero que sim!
2 comentários :
eu decorei de uma maneira muito simples, nos tempos da escola primária: vêem, do verbo ver, tem dois "e", porque temos 2 olhos para ver :P foi a maneira que a minha professora arranjou para nunca errarmos nesta ;) resultou até hoje!
adorei o blog, parabéns!
Excelente! Também já me disseram esse truque, mas já não me lembrava :P
Obrigada!
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