27 julho 2009

O absurdo de suicidar outrem


Segundo o
Dicionário on-line da Língua Portuguesa, o verbo suicidar-se é sempre pronominal (não existe "suicidar") e tem as seguintes acepções:

1. Matar-se voluntariamente.
2. Fig. Arruinar-se, ser causa da própria ruína.

Outros dicionários acrescentam que "sui" é latim e significa "de si", pelo que o suicida é aquele que provoca a sua própria morte, ao contrário do homicida (e a esta luz a pronominalização até parece redundante, já que quem se suicida o faz necessária e exclusivamente a si próprio).
Ora, isto não será surpresa para ninguém... excepto talvez para os responsáveis pela definição do mesmo verbo no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, para quem o verbo suicidar (de suicida + -ar) tem um terceiro sentido, que é «destruir completamente», podendo por isso ser sinónimo de «ANIQUILAR, MATAR, TRAIR». E para que não restem dúvidas, lá está o exemplo, a frase que citei na entrada anterior: «O tradutor suicidou o texto».

Os comentários a esta frase na semana passada não foram muitos, mas eu não tenho dúvidas de que, pelo menos ao falante comum, aquele emprego do verbo suicidar se afigura no mínimo estranho. E como não se trata de uma acepção de um domínio técnico ou científico, nem encontro outro dicionário que corrobore aquela informação, começo a pensar que a pessoa que a escreveu se encaixa num destes perfis:

a) abusador de drogas
b) criativo compulsivo
c) abusador de drogas e criativo compulsivo

Posso estar enganada, mas... quem é que me desengana?!


1 comentário :

Anónimo disse...

Para acreditar tive que ir consultar o dito dicionário...
Não há dúvidas! Está lá mais esta calinada a juntar ao rol das já conhecidas.