06 julho 2009

Língua em crise

Crise é a palavra que está na ordem do dia. Crise na saúde, crise na justiça, crise na educação, crise nos relacionamentos…
E a língua portuguesa está, também ela, em crise. E porquê? Porque se fala e escreve cada vez pior.
Mas o que é, afinal, escrever mal? Será apenas cometer erros ortográficos?
Um texto pode não conter um único erro ortográfico e, no entanto, ser totalmente incompreensível. Isto porque a língua não se resume à ortografia. Há outras componentes da gramática que contribuem para o sucesso ou fracasso da expressão escrita, nomeadamente o léxico, a morfologia, a sintaxe, a pontuação.

Quais serão, então, os motivos que estarão na origem desta crise linguística?
De entre muitos que poderá haver, saliento três:
1. Falta de referências
Os profissionais da comunicação (jornalistas, escritores, professores) deveriam ser para nós uma referência, mas, como sabemos, muitos fazem um mau uso da língua portuguesa.
2. Falta de leitura
Cada vez se lê menos, culpa da falta de tempo ou do excesso de tecnologias, o que é certo é que o pouco que se lê é muitas vezes “descartável” e de má qualidade.
3. Falta de ensino de gramática
Hoje em dia, o tempo dedicado ao estudo da gramática e à prática da redacção nas aulas de Português é cada vez mais reduzido (ou quase nulo), o que tem dado origem a um deficiente domínio da língua, falada e escrita, por parte dos estudantes que ingressam no Ensino Superior.

As evidências falam por si, porém, se é com a crise que portas de mudança se abrem, então aceitemo-la como uma oportunidade de salvar este património tão valioso, que é a Língua Portuguesa!
Ainda vamos a tempo!

6 comentários :

Anónimo disse...

Ainda há um outro fenómeno e que verifico nos meus dois filhos e em TODOS os seus colegas de escola (pelo menos desde o 1º ao 4º ano)... Os míudos de agora não conseguem fazer uma composição (sobre qualquer tema) sozinhos. Não têm ideias... Não têm imaginação. Podia-se dizer que a culpa era de não lerem... mas eu na minha infãncia nem tinha dinheiro para livros e o mesmo se passava com os meus colegas mas faziamos composições, com alguns erros, mas cheios de imaginação. Porque é que agora os míudos não conseguem????
Ricardo Slvestre

Ana Aurélio disse...

Em primeiro lugar gostaria de te felicitar pelo excelente texto. Não posso deixar de admitir que fico um pouco tensa ao comentar um blog tão bem escrito, mas farei o meu melhor!
Depois do fantástico workshop de sábado, tomei consciência que a nossa língua é actualmente "desgastada", por nós falantes, que sem qualquer cuidado ou pudor a usamos erradamente sem valorizarmos convinientemente as suas demais riquezas. Torna-se urgente, consciencializar a comunidade falante da Língua Portuguesa que precisamos escrever e falar melhor o português, não apenas para a preservar, mas também para nos valorizarmos enquanto individuos.

Ana Aurélio

Jorge Pinheiro disse...

Naturalmente poderíamos acrescentar mais umas tantas razões às aduzidas neste artigo. A chatice é que, na voragem do facilitismo, se deita fora o bebé juntamente com a água do banho, numa acção concertada de políticos e governantes incompetentes que têm manchado com a sua deletéria acção o rumo da educação neste país. Sem ser saudosista, posso afirmar com conhecimento de causa que, pelo menos ao nível do ensino da língua portuguesa, a 4ª classe da Instrução Primária (hoje, 4º ano do pomposo 1º ciclo) das pessoas da minha geração valia mais que os programas do actual 9º ano. Basta perguntar a ambos (os da minha geração e os actuais nonanistas) coisas tão simples como dizer o que é uma partícula de realce, uma partícula apassivante, uma oração concessiva, uma oração integrante, o nome predicativo do complemento directo, entre outras, para comprovarmos a ignorância confrangedora dos estudantes hodiernos. O problema é que, para os preclaros vanguardistas políticos de hoje, tudo quanto se fazia no «antigamente» era salazarento. Com políticos assim e políticas destas, não vamos longe.
Jorge Pinheiro

Nós disse...

Partilho com a professora todas as suas inquietudes, pois também eu acho que o mal desta geração que se avizinha é a falta de leitura (principalmente). É triste falar com os jovens e apercebermo-nos de que acham que até sabem muito, porque a "net" lhes facilita o acesso ao conhecimento. Esquecem-se que literatura é outra coisa, é aí que podemos encontrar referências para a vida. É na literatura que se podem criar imaginários só nossos que mais tarde nos permitem criar textos com alguma correcção.
Obrigada por nos (lhes) fazer ver isso todos os dias!
;-)

fj disse...

...para além de todas essas falhas mencionadas, há ainda que juntar as tão famosas frases assimiladas das novelas importadas do outro lado do atlântico.
Abraço

Anónimo disse...

Tudo, mas mesmo TUDO está a ser orientado politicamente para um grande fim em vista:
A ALIENAÇÃO GERAL da maioria do POVO PORTUGUÊS potencialmente votante:
1- Convém que ele seja profundamente IGNORANTE embora convencido de que tudo sabe.
2- Convém que ele seja ABSTENCIONISTA permanente, alheado de tudo o que o cerca, para não exigir NADA dos governantes responsáveis.
3- Convém que ele seja profundamente orientado pela propaganda pois esta sabe bem o que tem a fazer e como o deve fazer, para que o leve a aceitar, passivamente, tudo aquilo que vá ao encontro dos interesses do Grande Capital mundial sem rosto.
4- Para o efeito, aposta-se presentemente, com o conluio activo dos governantes, na abolição do conceito de Pátria (onde se inclui o de LÍNGUA PÁTRIA) bem como ao desapego dos valores da Família e da Nação favorecendo o pleno desenraizamento do indivíduo para mais facilmente ficar vulnerável e cego a toda e qualquer manipulação.
Em nome daqueles que nos precederam e NUNCA transigiram com os interesses daqueles que só querem a ruina da PÁTRIA PORTUGUESA, apelo a que se crie um movimento apartidário que abra os olhos aos mais novos. Caso isso não aconteça, Portugal vai morrer a curto prazo, ferido que está de morte, desde o fatídico dia vinte e cinco de Abril de mil novecentos e setenta e quatro.