25 junho 2007

"Mais bem" existe e é correcto!


No último número da revista Volta ao Mundo, deparei-me com este anúncio: "Melhor equipado só com mordomo incluído."

Certamente já estão à espera do que eu vou escrever a seguir: há ali um erro de português. Mas onde?

O erro está em escrever (ou dizer) "melhor equipado" - porque, quando estamos a modificar um adjectivo participial (ou seja, um adjectivo que provém do Particípio Passado de um verbo, como equipado, preparado, classificado, vendido, escrito...), não devemos flexionar em grau os advérbios bem e mal.

Talvez vos custe aceitar mais essa regra, que aparentemente ninguém cumpre, pois, ao que parece, ninguém sabe que ela existe. Mas isso não é verdade! Porque, como facilmente constatarão, raríssimas são as pessoas que ignoram essa regra quando se seguem Particípios (irregulares, mas ainda assim Particípios) como feito, dito, escrito. Por acaso costumam dizer que uma coisa está "melhor" ou "pior" feita do que outra?!

10 comentários :

Anónimo disse...

E eu que pensava que era exactamente ao contrário ("melhor feito" em vez de "mais bem feito").

Jaime
www.blog.jaimegaspar.com

Anónimo disse...

Professora dúvida:

é

- se me os deres

ou

- se mos deres

? esta dúvida surgiu-me hoje!

S. Leite disse...

Se mos deres. É perfeitamente legítimo contrair os pronomes "me" e "os".

Anónimo disse...

E outra:
maquilhagem ou maquiagem?
Eu digo sempre maquilhagem e maquilhar. Beijinho

S. Leite disse...

Maquilhagem é o aportuguesamento já consagrado, pelo menos na variante de Portugal. O termo francês, "Maquillage", é que leva algumas pessoas a dizerem "maquiagem", que é uma espécie de "meio caminho"...

Hugo disse...

Óptimo esclarecimento, na verdade, há muito quem não aplique a regra de forma correcta, ou até julgue que "mais bem" nem se aplica.
Precisamos mesmo destes conselhos para melhorar a nossa linguagem.
Cumprimentos.

casccalensə disse...

Dúvidas:

Mas se se obriga por vezes a usar-se "maior" não deveríamos por vezes também dizer "menor" ao invés de "mais pequeno"?:

"O Tristão é maior que a Alcmena" e não:
"O Tristão é mais grande que a Alcmena"

não deveria ser então:
"A Alcmena é menor que o Tristão"
e considerarmos incorrecto:
"A Alcmena é mais pequena que o Tristão".


Outra dúvida: e quanto aos pronomes "se" e "o"? Pode contrair-sos? Ou pode contrair-se-os?

Mais fácil seria escrever: "Pode-se contraí-los?"

:)

S. Leite disse...

Escrevi sobre essa questão do maior/menor a 15 de Agosto, num texto intitulado "Mais pequeno?!"
Quanto à contracção "sos", penso que não a usamos por ser mais estranha e cacofónica do que "se-os" (que soa "sios").

guizo disse...

Bem,... eu que tive uma péssima escola primária, onde a gramática foi quase inexistente, com uma professora que veio contrariada de Angola, e que passava o dia sentada à secretária com uma cadela e um aquecedor aos pés, apenas levandando-se, para comunicar que ia a casa ver se os pintainhos que tinha na chocadeira já tinha nascido..., ou tirar a roupa do estendal porque ameçava chover, e nos deixar a tarefa de escrever a tabuada e a numeração romana até não sei quantos e que nós já as faziamos com papel químico, e que via a novela "escrava Isaura" até ao fim e depois ficava discutir a novela com a dona da mercearia em frente a casa e ainda parava na casa da padeira para o mesmo "coitadinha da Isaurinha..., aquele Lionço..." e só depois é chegava à escola com quase uma hora de atraso, e que só fiz o déssimo ano de escolaridade, não consigo perceber estes jornalistas, tradutores, apresentadores de telivisão, actores, que escrevem que o jogador tal "foi o melhor pago de sempre", numa novela no espaço de cinco minutos uma actriz diz "tinha morto" e outro diz "ter matado" (pergunto existe guião?), A Maria Elisa (e que eu até gosto) que diz "obrigado", e que dizem "em um lugar" em que escolas andaram. Não consigo perceber como uma amiga escreveu a tese de mestrado a escrver e dizer "e tu gostastes?". O pior é ficarem a olhar com um ar trocista quando falamos bem. Eu acho que foi a "epidemia" das novelas brasileiras nos anos 80 e agora a internet escrita maioritariamente em português do Brasil que veio confundir as cabeças das pessoas...

Junior Rodrigues disse...

Gostei muito do vosso vocabulário, mas infelizmente não ouço pessoas falarem assim aqui no Brasil, sou brasileiro e torço para que um dia um parte pelo menos do Brasil fale desta forma.