Pares Difíceis da Língua Portuguesa
Ingredientes: muitos erros, bastantes dúvidas e uma mão-cheia de reflexões. Juntam-se esclarecimentos, correcções e sugestões em quantidade generosa. Tudo polvilhado com bom humor. Porque queremos partilhar a nossa maneira de saborear a língua!
Por S. Leite às 13:42 0 comentários
Palavras-chave: divulgação
Por S. Leite às 18:18 0 comentários
Por S. Leite às 14:35 0 comentários
Palavras-chave: divagações , gramática
Por S. Leite às 13:17 4 comentários
Palavras-chave: adjectivos , palavras , parónimos
A Wikipédia informa que uma "crise humanitária" é «uma situação de emergência, em que a vida de um grande número de pessoas se encontra ameaçada e na qual recursos extraordinários de ajuda humanitária são necessários para evitar uma catástrofe ou pelo menos limitar as suas consequências.»
Porém, o Ciberdúvidas alerta para o erro frequente de se utilizar tal expressão, explicando que se trata de um equívoco causado pela tradução literal do adjetivo inglês humanitarian, que não faz sentido transpor para o nosso idioma, uma vez que o significado de humanitário em português é «em prol da humanidade». Uma vez que as situações de crise, ou de catástrofe, não acontecem em favor da humanidade, antes colocando-a em situação de perigo, só a ajuda e o apoio é que se podem considerar humanitários.
Mas as pessoas insistem em falar de "crises humanitárias" e em "catástrofes humanitárias". É um daqueles casos complicados, em que me parece que o uso irá claramente impor-se à norma, isto é, em que a força do hábito linguístico de toda uma comunidade (que inclui os falantes de português espalhados pelo mundo) será decerto mais forte do que quaisquer argumentos semânticos, etimológicos, etc., que se possam invocar em nome da utilização rigorosa de tal palavra.
Não é que eu seja a favor da tradução fácil e simplista que tantas vezes nos leva a dizer autênticos disparates só por preguiça de pensar um pouco (chamando, por exemplo, "condicionador" ao amaciador de cabelo). Mas tenho de reconhecer que dificilmente os falantes comuns serão convencidos a falar de "crises humanas", quando o que está em causa é a sobrevivência de centenas ou milhares de pessoas, e não a tendência natural do ser humano para viver em estado de crise, no sentido filosófico do termo, por exemplo em virtude da consciência da finitude da vida ou da impossibilidade de cada eu ser um outro.
É normal procurarmos diferenciar as palavras, quando pretendemos referir-nos a ideias diferentes. É isso que leva tanta gente a distinguir, por exemplo, "rúbrica" (assinatura) de rubrica (tópico ou secção), embora somente a palavra rubrica esteja consagrada nos dicionários, com ambos os significados. É natural, portanto, que se use cada vez mais "humano", em termos genéricos, quando se pretende qualificar algo "relativo à humanidade" e "humanitário" quando se quer falar de algo que põe em causa a sobrevivência das pessoas.
Por S. Leite às 09:58 0 comentários
Palavras-chave: expressões , palavras , parónimos , tradução
Por S. Leite às 10:05 6 comentários
Palavras-chave: ortografia , palavras , parónimos
Curiosamente... NADA!
Confesso que fiquei surpreendida, ao verificar isso mesmo, nos dicionários que consultei. Porque já muitas vezes ouvi dizer esta palavra e presumi que o significado fosse "cartaz muito grande". Admito que soava a corruptela, mas são tantas as corruptelas que acabam por consagrar-se pelo uso, que me pareceu o caso provável desta.
Afinal, não existe mesmo. O que de mais próximo se pode utilizar é cartapácio, vocábulo erudito, que designa um livro grande, antigo, um alfarrábio. Ora, não é nada disto que pretende quem gosta de falar de "catrapázios" escarrapachados nas paredes e nos muros, como aquele a que eu queria referir-me hoje. Acabei por dizer «cartaz gigante», que não tem metade da graça... E suspeito que muito boa gente nem teria desconfiado do mau português, caso eu tivesse optado por empregar aquela sugestiva combinação de sons, afinal "proibida".
Talvez possamos começar a usar "catrapázio" com tanta frequência, que a palavra seja finalmente reconhecida na língua portuguesa, o que me dizem?!
Por S. Leite às 11:12 11 comentários
Palavras-chave: neologismos , palavras