(Des)acordo ortográfico: pôr do sol ou pôr-do-sol?
Não me perguntem porquê, digo eu aos alunos, quando ficam perplexos com as regras e as excepções relacionadas com o emprego do hífen nos compostos, sobretudo após o Acordo Ortográfico.
O vocábulo pôr-do-sol suscitou hoje a minha dúvida. No Priberam aparece com hífenes e somos avisados de que no Brasil a grafia é sem. Na Infopédia, informam-nos de que "a nova grafia é pôr do sol" e a forma com hífenes só consta do Dicionário de Língua Portuguesa sem Acordo Ortográfico.
Como fico em dúvida, vou ao Portal da Língua Portuguesa, onde está disponível o texto do AO. Mas ao consultar a Base XV, a redacção do ponto 6 deixa-me desconcertada:
«Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:
O problema, como se vê, é o facto de a explicação não ser exaustiva. Ao apresentar-nos apenas alguns exemplos, tanto da regra como da excepção (através das expressões que destaquei a negrito), não permite que os falantes possam inferir o que acontece nos casos não contemplados (como pôr do sol/pôr-do-sol).
Porém, o Portal da Língua Portuguesa tem mais um recurso que pode ser útil: a lista de todas as palavras que mudam com o AO.
Lá se apresenta, então, pôr-do-sol como "Ortografia Antiga", para Portugal, e pôr do sol como "Ortografia Nova".
A dúvida foi-se, mas a perplexidade ficou. Porque não percebo qual o critério para determinar quais são os compostos que mantêm o hífen por serem formas "consagradas pelo uso". Será a data da primeira atestação? Se for, é estranho, porque essa data não é segura nem é conhecida para todas as palavras. Alguém sabe?