Quem não se lembra desta sugestiva frase, que parece um provérbio pela concisão, pela sugestividade, pela rima?
Tanto quanto pude apurar, não só não é um provérbio como nem
sequer é de origem popular, embora tenha acabado por ficar na memória de
muita gente, por causa da campanha de prevenção contra o afogamento nas
praias portuguesas, nos anos 80, e tenha depois sido transmitida às gerações seguintes, como acontece com os adágios, que andam na boca do povo.
A frase é da autoria do poeta Alexandre
O’Neill, que trabalhou em publicidade e a criou precisamente para essa campanha. Hoje, muitos
portugueses conhecem de cor e aplicam este rifão, que chega a figurar em colectâneas de provérbios publicadas na Internet e que os meus alunos de 18, 19 anos conhecem, por "ouvir os pais a dizer".
É um bom exemplo de como uma frase sugestiva, associada a uma ideia
forte, que toca as pessoas, pode ser consagrada, de tal modo que o seu
significado ultrapassa o contexto em que foi usada inicialmente e ela se
torna uma expressão fixa com um sentido aplicável em diversas situações. Talvez
porque os portugueses sentem, tradicionalmente, o apelo do mar, esta é uma
frase que não esquecemos. E hoje continua a usar-se como aviso, relativamente
ao cuidado que devemos ter quando nos aventuramos no mar, ou talvez até noutro meio vasto e desconhecido,
convidativo mas perigoso, onde é preciso ter cautela, para que as nossas idas tenham
sempre um regresso.