É uma dor de cabeça. Ou um quebra-cabeças.
Matéria que detesto ensinar, porque invariavelmente acabo a confundir os alunos, em vez de os esclarecer.
E como é que poderia ser de outra maneira, se as gramáticas, os dicionários e as bases de dados morfológicas se contradizem? Por mais que eu tente sistematizar, a pesquisa no sentido de legitimar as minhas explicações leva inevitavelmente à sua questionação.
Com base na minha investigação pessoal, tentei estabelecer regras coerentes deste tipo:
a) O adjectivo é um composto morfossintáctico - ambos os termos se flexionam. Exemplos: alunos trabalhadores-estudantes; crianças surdas-mudas
b) O adjectivo é um composto morfológico - apenas se flexiona o primeiro termo. Exemplos: indivíduos luso-brasileiros, razões histórico-sociais
c) O adjectivo designa uma cor e a segunda palavra é um nome ou adjectivo - nenhum dos termos se flexiona. Exemplos: camisolas verde-garrafa, cartolinas vermelho-vivo
d) O adjectivo designa uma cor e a segunda palavra é claro ou escuro - só se flexiona o segundo termo. Exemplos: calças castanho-claras, vestidos azul-escuros
Esta "arrumação", contudo, tem um problema: apesar de se basear nas recomendações que encontrei em fontes diversas, o consenso entre elas, na globalidade, não existe. Assim, quem tenha tempo e paciência pode sempre dedicar-se a procurar provas de que, na realidade, vale tudo, pelo menos no que respeita às últimas alíneas, c) e d). E aqui fica a irritante prova:
O plural de azul-marinho é azul-marinhos
O plural de azul-marinho é azul-marinho
O plural de azul-marinho é azuis-marinhos
Cada um que decida, portanto, o que prefere usar. Procedimento assaz democrático, sem dúvida, mas muito nefasto, em termos pedagógicos...