26 outubro 2010

Escuteiro e escoteiro

Eis uma subtileza ortográfica que pode causar alguma hesitação e, talvez, perplexidade, porque o mais comum é pensar-se que apenas uma das formas, entre escuteiro e escoteiro, está correcta.

No entanto, ambas existem em português. Os "seguidores" de Baden-Powel, o general inglês que fundou o escutismo, são os escuteiros: indivíduos que pertencem a uma associação cujo objectivo é o «aperfeiçoamento moral, intelectual e físico das crianças e dos jovens, pelo desenvolvimento do seu espírito cívico» - citando o Dicionário de Língua Portuguesa da Infopédia.
 Mas existe também o escoteiro, que é «aquele que viaja sem bagagem, gastando por escote nas estalagens», de acordo com o mesmo dicionário. (E o que é isso de "escote"? - podemos perguntar-nos... já lá vamos!). Mais: também há escotismo com o. Trata-se de um  «sistema filosófico e doutrina de João Duns Escoto, filósofo irlandês (1274-1308), seguida pelos franciscanos» (a fonte é a mesma).
Quanto ao escote, é uma «quota individual para uma despesa comum» e tem origem no francês antigo escot (que significava «contribuição em dinheiro»), ainda de acordo com a Infopédia.

Bom, e se não for para dissipar dúvidas, isto serve para demonstrar como as palavras nos dicionários são como as batatas fritas: cada uma que se "prova" leva-nos a procurar mais e mais...!

18 outubro 2010

"rails" para quê?

Será mesmo necessário empregar o estrangeirismo rails a torto e a direito, ao ponto de ele já aparecer nos dicionários?
Num livro para crianças, fará sentido fazê-las tropeçar na pronúncia de uma palavra intrusa no meio de um texto em português?
O que é que falta aos trilhos e aos carris, que sempre nos serviram tão bem?

06 outubro 2010

Translineando...


A translineação obedece a certas regras, implicando que não se pode truncar palavras em qualquer parte, quando a linha não tem espaço para as escrever inteiras.
Regra geral, devemos respeitar, na translineação, a divisão silábica, partindo, por exemplo, a palavra complicação de acordo com as seguintes possibilidades: com-plicação; compli-cação; complica-ção.
Porém, no caso de haver no meio da palavra duas consoantes iguais, estas devem manter-se juntas - é aqui que a translineação apresenta diferenças relativamente à divisão silábica. Por exemplo, a palavra autocarro, que tem as sílabas au-to-ca-rro, não deve ser translineada desta forma: autoca-rro; mas antes assim: autocar-ro. Isto para evitar que, no início de uma linha, encontremos uma palavra (ainda que partida) iniciada por duas consoantes iguais, o que se afigura como algo muito estranho. Por outro lado, as vogais que consituam, por si só, uma sílaba também não devem ser deixadas sozinhas no começo de uma linha. Logo, devemos dividir Maria apenas de uma maneira: inserindo a quebra entre a primeira e a segunda sílaba, para evitar que a terceira, o -a-, fique isolada na linha seguinte.