tag:blogger.com,1999:blog-26597531981820215092024-03-26T14:21:34.926+00:00Língua à PortuguesaIngredientes: muitos erros, bastantes dúvidas e uma mão-cheia de reflexões. Juntam-se esclarecimentos, correcções e sugestões em quantidade generosa. Tudo polvilhado com bom humor. Porque queremos partilhar a nossa maneira de saborear a língua!S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.comBlogger495125tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-62424976255199221872023-05-14T18:38:00.005+01:002023-05-14T18:38:57.094+01:00A grafia de lilás e lilases<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYLXC7FRpoizAtz5sug1khTa0S1PyXKMJ_RJki3QetTKbRCn4wGZeINb5nzt1eHLkJ-W9df6iP52shaJ3C91ekopJB4JXmboDHmRoFuAGPIU0fQ92Cj9QUKF1SmEycePbM5re_LYgD2hE7kjNe6lcVr7di5btucPfBdd-QO1ul8U1VacDnnbOavOGmDA/s4032/lilases.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3024" data-original-width="4032" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYLXC7FRpoizAtz5sug1khTa0S1PyXKMJ_RJki3QetTKbRCn4wGZeINb5nzt1eHLkJ-W9df6iP52shaJ3C91ekopJB4JXmboDHmRoFuAGPIU0fQ92Cj9QUKF1SmEycePbM5re_LYgD2hE7kjNe6lcVr7di5btucPfBdd-QO1ul8U1VacDnnbOavOGmDA/w400-h300/lilases.jpg" width="400" /></a></div><br />O nome <i>lilás</i> vem do árabe <i>lilak</i>, que significa «azulado». Chegou até nós por via da língua francesa, através da palavra <i>lilas.</i> Em português, escreve-se com <i>s</i>, portanto. <p></p><p>O plural é <i>lilases</i>, sem acento agudo, pois deixa de ser necessário marcar a vogal tónica, como acontece no singular. Isto porque se acentuam graficamente, em português, as palavras agudas (com tónica na última sílaba) terminadas em <i><b>-a(s)</b></i>, mas não as palavras graves (com tónica na penúltima sílaba) terminadas em <i><b>-e(s)</b></i>. Estas regras ortográficas aplicam-se igualmente ao adjetivo que designa algo de cor arroxeada, entre o rosa e o violeta.</p><p>Assim, escreva-se, sempre:</p><p>singular - <b><i>lilás</i></b></p><p>plural - <b><i>lilases</i></b></p><div><br /><div><br /></div></div>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-22115902518053940112023-05-05T18:51:00.005+01:002023-05-05T18:51:28.437+01:00Dia Mundial da Língua Portuguesa<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/NH-WuUUPafQ" width="320" youtube-src-id="NH-WuUUPafQ"></iframe></div><span style="font-family: arial;"><br /></span><p></p><p><span style="font-family: arial;">Para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, apresento-vos os livros que já escrevi sobre o nosso idioma. Foram publicados em Portugal pela Editorial Verbo, pela Editora Planeta e pela Presença / Manuscrito.</span></p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-38787626095733635682023-04-18T15:10:00.006+01:002023-04-18T15:10:25.240+01:00Proposital ou propositado? E o verbo "reticenciar" existe?<span style="font-family: inherit;">Já vos aconteceu isto?<br /><br /></span><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDQ0kvrPRmK-u3BqfKq1j7Uzff1NsO_riIh253joih4s5GEpuprlxwwXm_BedyeFaE6mwWJtZqIOgWSvlmojStcsLOxDgPBwxodjjbEPufhtiruTWmpouKL6nnkkDb4jWtcf3dNKVcQkmj_brXcINIPCdmlivXudNMEbpFpl8PaBVnlYiGrH8kvqV_uA/s862/reticenciar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="588" data-original-width="862" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDQ0kvrPRmK-u3BqfKq1j7Uzff1NsO_riIh253joih4s5GEpuprlxwwXm_BedyeFaE6mwWJtZqIOgWSvlmojStcsLOxDgPBwxodjjbEPufhtiruTWmpouKL6nnkkDb4jWtcf3dNKVcQkmj_brXcINIPCdmlivXudNMEbpFpl8PaBVnlYiGrH8kvqV_uA/s320/reticenciar.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-family: inherit;">Por vezes, ouço usar (ou leio) certas palavras e sou levada a desconfiar da sua existência nos dicionários. Parece-me que a pessoa que a empregou tomou a liberdade de a inventar, por ser a primeira vez que deparo com esse vocábulo. Creio que a estranheza que me provoca advém do facto, contraditório, de essa palavra estar bem formada e, ao mesmo tempo, ter um aspeto ou uma sonoridade algo bizarra. Hoje aconteceu-me isso, ao deparar com o termo "proposital" no trabalho de uma aluna. Estive quase para o corrigir, propondo antes propositado. Porém, como essa aluna é brasileira, decidi verificar primeiro se aquele (para mim insólito) adjetivo, formado como "intencional", estaria dicionarizado. Já aprendi que o português do Brasil é suficientemente diferente do português europeu para ser sempre recomendável fazer essa verificação. E <a href="https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/proposital" target="_blank">proposital</a> é, realmente, um adjetivo legítimo no português brasileiro. Aquele teria sido o único senão num texto que, de resto, estava perfeito. Afinal, não tinha nem esse senão. Nota 20 para o trabalho!<br /><br />Prossegui com as minhas tarefas e, daí a pouco, estava a ouvir a gravação de uma entrevista que tinha feito a um contador de histórias. A dado momento, ele referiu-se à forma particular de narrar de outro contador, explicando que ele "reticenciava" as frases. Surgiu-me, portanto, a dúvida: ao transcrever aquela intervenção, eu deveria usar aspas, por se tratar de um neologismo, ou grafar a palavra normalmente? Abri novamente a página da Infopédia e confirmei: o verbo <a href="https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/reticenciar" target="_blank">"reticenciar"</a> também está dicionarizado!</span></div><div><br /></div><div>Gosto que isto me aconteça. É uma surpresa agradável, que me permite ampliar o conhecimento lexical, sendo também um alerta para a importância de dar aos outros, sejam quem forem, o benefício da dúvida.</div><div><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><blockquote style="border: none; margin: 0 0 0 40px; padding: 0px;"><div></div></blockquote><div><br /><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-44475299731728689212023-02-12T14:02:00.009+00:002023-02-12T16:31:56.198+00:00Luísa Ducla Soares é uma daquelas pessoas que dispensa ou dispensam apresentações?<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><i></i></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh262-L3AFw5YRP2eUA_7I5wXNGSjKDlk78NfXok_1buMqb-y56AyynQ-b7bx8qnuy7T-8OS4OcVvYl1kIuiC9cNHDcYCOpl0lQKeQ2wGRUnFBorhx9f_SeGRuSH1V81GrFrKhJW5aoektpSpeJbZQBKkc-pUBVrvPea5YlTwAW7uNAyO5lRXFlledYRw/s4160/IMG_20180902_162646.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2336" data-original-width="4160" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh262-L3AFw5YRP2eUA_7I5wXNGSjKDlk78NfXok_1buMqb-y56AyynQ-b7bx8qnuy7T-8OS4OcVvYl1kIuiC9cNHDcYCOpl0lQKeQ2wGRUnFBorhx9f_SeGRuSH1V81GrFrKhJW5aoektpSpeJbZQBKkc-pUBVrvPea5YlTwAW7uNAyO5lRXFlledYRw/w400-h225/IMG_20180902_162646.jpg" title="Festa do Livro de Belém, 2/9/2018" width="400" /></a></i></div><div style="text-align: center;"><i><i style="font-size: 12pt; text-indent: 36pt;"><br /></i></i></div><div style="text-align: center;"><i><i style="font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">Luísa Ducla Soares é uma daquelas pessoas que ___ apresentações.</i></i></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Que opção escolheriam para completar a frase acima?</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">a) <i>dispensa </i> b) <i>dispensam</i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Creio que algumas pessoas tendem a escolher a opção a), confiando que o singular é mais adequado, tendo em conta que o sujeito mais importante da frase é <i>Luísa Ducla Soares</i>, correspondente </span><span style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 16px;">à 3.ª pessoa do singular.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">No entanto, quando
queremos caracterizar uma pessoa, coisa ou situação, associando-a a um grupo de
outras que têm as mesmas características, dizendo que é “daqueles” ou “daquelas
que”..., </span><b style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">o verbo que se segue tem de estar sempre no plural</b><span style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O predicado, efetivamente, concorda com o sujeito. Mas o verbo usado a seguir à palavra <i style="mso-bidi-font-style: normal;">que</i> tem de estar no plural, por concordância com a expressão que
está antes - “daquelas pessoas” - uma vez que o pronome <i>que</i> representa esse sujeito plural: </span><i style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">Daquelas pessoas que não precisam de apresentações, Luísa Ducla Soares é uma (delas).</i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">Ao fazermos esta inversão de constituintes na ordem da frase, percebemos que nela existem duas orações, cada qual com o seu sujeito e o seu predicado:</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">1. </span><i style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">Luísa Ducla Soares é uma daquelas pessoas</i><span style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;"> - oração subordinante (principal), com um sujeito singular (<i>Luísa Ducla Soares</i>).</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; line-height: 24px;">2. <i>que não precisam de apresentações - </i>oração subordinada adjetiva relativa restritiva, introduzida pelo pronome relativo <i>que </i>(sujeito plural, pois representa a expressão "daquelas pessoas", presente na oração anterior).</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Portanto,<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i>mesmo que estejamos a falar de uma só
pessoa, coisa ou situação, se optarmos por dizer que é <i style="mso-bidi-font-style: normal;">daqueles que...</i> ou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">daquelas
que...</i>, temos de conjugar o verbo plural: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">fazem, dizem, merecem, trabalham,</i> etc.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Se queremos, realmente, destacar o caráter único de tal sujeito, então devemos usar uma construção mais simples, na qual o pronome <i>que </i>se refira a essa pessoa, para que o verbo possa estar no singular: <i>Luísa Ducla Soares é uma pessoa que dispensa apresentações.</i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 36pt;">Espero não ser uma das pessoas que contribuem para vos confundir!</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 36pt;"><span style="font-family: "Calisto MT",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-78100726401879911482022-06-17T13:28:00.004+01:002022-06-17T14:15:29.603+01:00"Volte sempre que..." - com vírgula ou sem?<p>Como sabemos, a vírgula pode fazer uma grande diferença em certas frases, alterando completamente o seu significado.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRCoi7wFR7IxhDhVvOuymGEWcyXiZqxzJeRYT54rdk2pZ8d2aL7TqJ_nmHCCKA4lcD8vHzltVzOi9qsF5-pIfK3wVcoyZlxobMPKGAK_BYfUrclEq5Aa7xY73k28fiRFWRXVyQxtL38bymw-xlOX7GBtK-mygsyWCEkAO7d_Dy1-BTzwKla14Q5yoJWg/s897/Lidl.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="610" data-original-width="897" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRCoi7wFR7IxhDhVvOuymGEWcyXiZqxzJeRYT54rdk2pZ8d2aL7TqJ_nmHCCKA4lcD8vHzltVzOi9qsF5-pIfK3wVcoyZlxobMPKGAK_BYfUrclEq5Aa7xY73k28fiRFWRXVyQxtL38bymw-xlOX7GBtK-mygsyWCEkAO7d_Dy1-BTzwKla14Q5yoJWg/s320/Lidl.jpg" width="320" /></a></div>No caso desta mensagem do Lidl, a vírgula (que deveria ser usada imediatamente antes da palavra <i>que</i>) faz falta na frase, pois marca a fronteira entre a oração principal («Volte sempre») e a oração subordinada <u>explicativa</u>, iniciada pela conjunção <i>que.</i><p></p><p>«Volte sempre<b>, que</b> já estamos com saudades.»</p><p>Por outras palavras, sugerimos ao/à cliente que "volte sempre", pois sentimos a sua falta, assim que este/esta se vai embora.</p><p>Note-se que, neste tipo de frase, a palavra <i>que </i>pode ser substituída pela conjunção <i><b>porque</b></i>, na medida em que introduz o motivo ou explicação da oração anterior:</p><p>«Volte sempre<b>,</b> <b>(por)que</b> já estamos com saudades.»</p><p>Portanto, esta é uma boa maneira de saber se a conjunção <i>que</i> requer vírgula ou não: se for substituível por <i>porque</i>, ficamos a saber que sim.</p><p>Para que fosse correta a ausência de vírgula entre as palavras <i>sempre </i>e <i>que</i>, teríamos de ter uma frase de outro tipo. Por exemplo:</p><p>«Volte <b>sempre que</b> quiser.»</p><p>ou</p><p>«Venha à nossa loja, <b>sempre que</b> lhe apetecer.»</p><p>Nestes casos, a palavra <i>que </i>não é uma conjunção explicativa. Faz parte da locução subordinativa <u>temporal</u> <i>sempre que</i> e é por isso mesmo que não deve ser precedida por uma vírgula, pois esta quebraria a ligação entre os seus dois termos. </p><p>Pode, porém, haver vírgula antes da palavra <i>sempre</i>: essa vírgula separa, com toda a legitimidade, as duas orações.</p><p>«Venha à nossa loja» - oração subordinante</p><p>«sempre que lhe apetecer» - oração subordinada temporal.</p><p><br /></p><br /><p><br /></p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-9943544533060564932022-05-23T15:46:00.007+01:002022-05-23T15:53:24.186+01:00Conselheira é o feminino legítimo de conselheiro!<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGGIWvRRo4N-SVTawlNf4D0TyhXFoXGCoDX7ghF_balfO8R8R-_A48NeXwr02saKGGBPuxeu6nK71IZhdUbrR68Jy_3audYxGv_R9Sg2S4XlbzRNtZwaMbl6mNMMd-RbWdc44Rfw9t2N6za8PS1M8dMxhoQVzmCMQKZSZKaywQzP7IFpbHCxB82D9PqQ/s1907/conselheiro.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="979" data-original-width="1907" height="205" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGGIWvRRo4N-SVTawlNf4D0TyhXFoXGCoDX7ghF_balfO8R8R-_A48NeXwr02saKGGBPuxeu6nK71IZhdUbrR68Jy_3audYxGv_R9Sg2S4XlbzRNtZwaMbl6mNMMd-RbWdc44Rfw9t2N6za8PS1M8dMxhoQVzmCMQKZSZKaywQzP7IFpbHCxB82D9PqQ/w400-h205/conselheiro.png" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div>Não acham ridículo que o Word for Windows nos ofereça uma advertência gramatical tão desadequada?<p></p><p>Em vez de aceitar a flexão do nome <i>conselheiro</i> no feminino, considera que a expressão "fiel conselheira" está errada porque o adjetivo deve concordar com o nome! Ora, o adjetivo <i>fiel</i> é invariável, pelo que tanto se pode aplicar a conselheiro como a conselheira. </p><p>O que o corretor não aceita, obviamente, é que haja <i>conselheiras... </i>daí que nos proponha, como forma correta da expressão, "fiel conselheir<b>o</b>". Mas, como não existe uma justificação gramatical para tal correção, oferece uma razão absurda para justificar o sexismo! Inaceitável...</p><p><br /></p><p><br /> </p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-33777073390236592152022-04-11T11:09:00.011+01:002022-04-12T11:18:19.248+01:00"Ó" não é o mesmo que "oh"!<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Já
aqui falámos sobre a diferença entre "oh" e "ó", num breve <a href="https://linguamodadoisec.blogspot.com/2007/03/oh-ou.html" target="_blank">esclarecimento</a> publicado
em 2007. <o:p></o:p></span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiHvXGaIoRyRdr2ra-mCljEL4Lm7CCfYFqNDVfH_W4jXXRvYAglCIMgll59hAzVqHZgTUBDHbGer013TNEGdnyUuCm__nuPiBs0ijogNx3KKNSGLfVOcpAXeXfLwJZ8fyX9dvP94oY1bIL6MiETvCjs8-iKS44L94b8qZVMy8MD8LK1FA8Hf-4sVGSe9A" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: inherit;"><img alt="" data-original-height="777" data-original-width="502" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiHvXGaIoRyRdr2ra-mCljEL4Lm7CCfYFqNDVfH_W4jXXRvYAglCIMgll59hAzVqHZgTUBDHbGer013TNEGdnyUuCm__nuPiBs0ijogNx3KKNSGLfVOcpAXeXfLwJZ8fyX9dvP94oY1bIL6MiETvCjs8-iKS44L94b8qZVMy8MD8LK1FA8Hf-4sVGSe9A=w207-h320" width="207" /></span></a></div><span style="font-family: inherit;">Porém, hoje não resistimos a
fazer outra chamada de atenção relativamente à grafia diferente destas duas
interjeições, porque acabamos de verificar, com surpresa, que nas várias
edições da obra <i>A Maior Flor do Mundo</i>, de José Saramago, a
palavra <i>oh</i> está erradamente grafada, na seguinte passagem:<o:p></o:p></span><p></p><p><span style="font-family: inherit;"><br />«<b>Ó</b> que feliz ia o
menino!»<o:p></o:p></span></p><p><span style="font-family: inherit;">(Saramago, 2016, p. 17)<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><span>Não existirão dúvidas quanto ao
facto de que, aqui, a exclamação expressa alegria, admiração, encantamento,
emoção positiva. Portanto, a palavrinha em causa deveria estar escrita com </span><i>h</i> e sem acento agudo: <b><i>oh</i></b>. Só faria sentido empregar <i>ó</i> se
houvesse um chamamento, uma invocação. Ora, o narrador está apenas a expressar
o que sente, não está a dirigir-se a ninguém. Assim, a grafia correta é:<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></p><p><span style="font-family: inherit;"><b><i><span>Oh,</span></i></b><i><span>
que feliz ia o menino!</span></i><span><o:p></o:p></span></span></p><p><span style="font-family: inherit;">ou <o:p></o:p></span></p><p><span style="font-family: inherit;"><b><i><span>Oh!</span></i></b><i><span>
Que feliz ia o menino!</span></i><span><o:p></o:p></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Note-se que, após proferirmos a
interjeição <i>oh</i>, fazemos
naturalmente uma pausa, pelo que se recomenda o uso de pontuação logo a seguir:
vírgula, ponto de exclamação ou mesmo reticências. Neste último caso, a exclamação terá um tom mais arrastado,
por expressar um sentimento de melancolia, desilusão ou tristeza. Isso não se
aplica neste contexto, mas as reticências poderiam, por exemplo, ser usadas aqui:<o:p></o:p></span></p><p><span style="font-family: inherit;"><b><i><span>Oh…</span></i></b><i><span> Já não fui a tempo! <o:p></o:p></span></i></span></p><p><span style="font-family: inherit;">Voltando à frase de <i>A Maior Flor do Mundo…</i> Terá sido erro do
autor ou dos revisores e editores?<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Não sabemos. Nem importa. Seja
como for, todos temos direito ao equívoco, ao engano, ao erro – pessoas comuns e
conhecidas, escritores pequenos e grandes, autores anónimos ou consagrados. O
que importa é estarmos dispostos a identificá-lo e a corrigi-lo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: inherit;"> </span></o:p></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Referência: José Saramago, <i>A Maior
Flor do Mundo.</i> Porto: Porto Editora, 2016. [O texto foi publicado pela
primeira vez em 2001, pela editorial Caminho]<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Imagem retirada da página WOOK, onde o livro pode ser encomendado: <a href="https://www.wook.pt/livro/a-maior-flor-do-mundo-jose-saramago/16467570">https://www.wook.pt/livro/a-maior-flor-do-mundo-jose-saramago/16467570</a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> </p><p><br /></p><p><br /></p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-49057211253545736542022-03-30T18:41:00.004+01:002022-03-30T18:51:46.854+01:00Perseverança e não "preserverança"<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGR9spq_hDmXOzE9v8jJt4x5DcJ9yayCT1udXWTV4AAdNK_w79vGB--WqGBotrjt1wanVlf3ixUy1gt-iAdUxhglcP_oCJXBOIcd6NITPqCLtT5kPbnOukvnR0EDsHme_LqbGvsIptAj4dSFiZ1IV7mn7cgooFMuHN3vdtXEJY7Fuf2IhgBjdOhO096w/s1560/275851488_541194003952271_4857236781845463510_n.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1560" data-original-width="1170" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGR9spq_hDmXOzE9v8jJt4x5DcJ9yayCT1udXWTV4AAdNK_w79vGB--WqGBotrjt1wanVlf3ixUy1gt-iAdUxhglcP_oCJXBOIcd6NITPqCLtT5kPbnOukvnR0EDsHme_LqbGvsIptAj4dSFiZ1IV7mn7cgooFMuHN3vdtXEJY7Fuf2IhgBjdOhO096w/s320/275851488_541194003952271_4857236781845463510_n.jpg" width="240" /></a></div>O norte-americano Samuel Adams (representado na estátua de bronze que se vê na fotografia, da autoria da escultora Anne Whitney) ficou para a história, em virtude da sua <i>perseverança</i> patriótica e revolucionária contra as imposições da coroa britânica, em 1770.<p></p><p><i><b>Perseverança</b></i>, sublinhemos, pois muita gente comete o erro de dizer e escrever "preserverança".</p><p>Todavia, não censuremos quem se engana! É um fenómeno natural e recorrente no uso da língua pronunciar certas palavras menos familiares (e depois grafá-las) com base numa relação analógica com outras, mais conhecidas.</p><p>Assim se explicará, talvez, que o <i>esparguete</i> tenha assumido aquele <r> no fim da segunda sílaba: os falantes terão pensado que o termo tem afinidade com o vocábulo <i>espargo... </i>Afinal, este tipo de massa tem uma forma semelhante (cilíndrica, comprida e fina) e a terminação "-ete" faz lembrar um sufixo de grau diminutivo. Assim, do <i>spaghetti </i>tornado <i>espaguete</i> (como ainda se diz e escreve no Brasil), passámos ao <i>espa<u><b>r</b></u>guete</i>, variante inicialmente condenada como uma corruptela, mas hoje perfeitamente aceite em Portugal. É que o erro ou desvio linguístico, muitas vezes, acaba consagrado pelo uso.</p><p>No caso de "perseverança", porém, isso ainda não aconteceu. Essa grafia ainda não foi legitimada pelos dicionários. O nome <i><b>perseverança</b></i> vem do latim <i style="box-sizing: border-box; line-height: 18px;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">perseverantĭa-</span></i> e não está relacionado com o verbo <i>preservar</i> (essa associação é, provavelmente, a causa do erro), mas antes com o verbo <i>perseverar</i>, que é persistir, manter-se firme<i style="background-color: #f2f2f2; box-sizing: border-box; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;">.</span></i></p><p><span style="box-sizing: border-box; line-height: 18px;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">Não sejamos, pois, perseverantes no erro! Pelo menos, enquanto este não se legitima...</span></span></p><br /><p><br /></p><p><br /></p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-20026161312535937052021-07-23T15:05:00.008+01:002021-07-23T20:14:57.930+01:00Concordância com a conjunção "ou"<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIw4je6VaVcQRtQPp_RgF6z5wWgnvSKnSgxff-IPOTfzT7grKI-E1l0kzKiKiFf1nC4_HrCFDTC9jQxTM6LdcwVFEA1FkLfO3uPXmXzu-eH2KeolbTq26prbfuX_0XQcXv2hkgHwzK_DB5/s1066/info.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="569" data-original-width="1066" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIw4je6VaVcQRtQPp_RgF6z5wWgnvSKnSgxff-IPOTfzT7grKI-E1l0kzKiKiFf1nC4_HrCFDTC9jQxTM6LdcwVFEA1FkLfO3uPXmXzu-eH2KeolbTq26prbfuX_0XQcXv2hkgHwzK_DB5/w400-h214/info.png" width="400" /></a></div><p><br /></p>Confirmei hoje, pela enésima vez, que a palavra "arguência" não está atestada, apesar de ser muito usada em vez de <i>arguição</i>, que é o termo correto.<p></p><p>Porém, o motivo que me leva a partilhar convosco esta informação, disponibilizada na Infopédia, é a instrução fornecida na página: «Verifique se a palavra ou expressão introduzidas estão bem escritas e pesquise novamente».</p><p>É que a conjunção <i>ou </i>pressupõe que os termos se excluem mutuamente (neste caso, só se verifica uma possibilidade, entre duas: a) o utilizador digitou uma palavra; b) o utilizador digitou uma expressão). </p><p>Logo, o plural que é usado em seguida<i> </i>está em discordância com esse sujeito singular: o adjetivo participial <i>introduzidas</i> e o predicado <i>estão bem escritas </i>implicam que o utilizador teclou, afinal, uma palavra <i>e </i>uma expressão. Mas não é isso que indica a conjunção <i>ou, </i>nem o plural faria sentido no contexto de uma pesquisa deste tipo.</p><p>Portanto, corrija-se a instrução para: <i style="font-weight: bold;">Verifique se a palavra ou expressão introduzida está bem escrita </i><i>e pesquise novamente</i>.</p><p><br /></p><p><i><br /></i></p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-85902217879062605062021-06-25T15:53:00.015+01:002021-06-28T09:37:04.810+01:00"Porque" explicativo e "porque" causal (e diferença entre oração coordenada e subordinada)<br /><br />Alguma vez se perguntaram qual a diferença entre <i>porque</i> explicativo e <i>porque</i> causal?<div>E já se questionaram sobre o motivo por que uma oração explicativa é coordenada e uma causal é subordinada?<br /><br /></div><div>Caso tenham respondido "sim" a ambas as perguntas, espero conseguir dissipar as vossas dúvidas com esta explicação! <p><b><u>Porque explicativo</u></b></p><p>Uma <b>explicação</b> expressa um esclarecimento, elucida. Assim, a conjunção <i>porque </i>é explicativa na seguinte frase:</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjygceOk_WI13OQ3WVboZXeFI9rKKY57F9_d72oKymLlauX5SaEKP9PU5NN5uGlHRBZRKpGtsqvvT9ytseI1aeiYuKLTnRwG0tW38s1g3eEdqBkCgRQyqqgE0_hxi3LQ0uMLps1GOs5tmTr/s1595/feliz.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="937" data-original-width="1595" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjygceOk_WI13OQ3WVboZXeFI9rKKY57F9_d72oKymLlauX5SaEKP9PU5NN5uGlHRBZRKpGtsqvvT9ytseI1aeiYuKLTnRwG0tW38s1g3eEdqBkCgRQyqqgE0_hxi3LQ0uMLps1GOs5tmTr/s320/feliz.png" width="320" /></a></div><i>Ela sente-se feliz, porque <u>tem um sorriso nos lábios</u>.<br /></i><p></p><p>(Após a palavra <i>porque,</i> explico em que sinal me baseei para concluir que ela se sente feliz).</p><p>Estas orações ("Ela sente-se feliz" e "tem um sorriso nos lábios") são coordenadas, isto é, cada uma delas tem um sentido acabado e nenhuma depende da outra. Por outras palavras: a) eu vejo que ela está feliz; b) eu vejo que ela tem um sorriso nos lábios. </p><p>Seria absurdo dizer que a segunda oração depende da primeira para fazer sentido, pois o facto de ela ter um sorriso nos lábios não pode ser a "causa" da sua felicidade.</p><p><b><u>Porque causal</u></b></p><p>Uma <b>causa</b> exprime a origem, o motivo, a razão pela qual algo acontece. Então, a conjunção <i>porque </i>é causal nos contextos em que introduz o motivo pelo qual sucede a ação expressa na oração anterior. Por exemplo na frase seguinte:</p><p><i>Ela sente-se feliz, porque <u>está de férias</u>.</i></p><p>(Estar de férias é a causa da felicidade dela).</p><p>Estas orações estabelecem entre si uma relação diferente da que vimos atrás, pois o facto de estar de férias é determinante para ela se sentir feliz. Portanto, a segunda oração é <i>subordinada</i>, ou seja, completa o sentido da primeira. Isto pode ser comprovado através de um teste que consiste em trocar a conjunção <i>porque </i>pela palavra <i>por</i>:</p><p><i>Ela está feliz <u><b>por</b> estar de férias</u>.</i></p><p>Neste caso, percebemos facilmente que a oração infinitiva "estar de férias" não poderia, por si só, constituir um frase aceitável, pois depende da anterior para fazer sentido.</p><p>O engraçado é que existem frases em que <i>porque </i>tanto pode ser <b>explicativo</b> como <b>causal</b>, dependendo da interpretação de quem ouve/lê, ou (talvez melhor) do sentido que realmente lhe quis dar quem escreveu ou proferiu essas palavras. Ora reparem:</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggCmwl1YtljrzZj8SlQSIwF0zkw9_Z_gcJcWK-nHDBc1si69SPg2dHR4W7EaJj8KzF5BSRnFvgEZZ6Yr5Od4Xpxn5nIzeAsqMPCnttgtlbYt6XaouV0fWKqruUpsA65L5QpflpEq6y8X0w/s1303/comer2.png" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="903" data-original-width="1303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggCmwl1YtljrzZj8SlQSIwF0zkw9_Z_gcJcWK-nHDBc1si69SPg2dHR4W7EaJj8KzF5BSRnFvgEZZ6Yr5Od4Xpxn5nIzeAsqMPCnttgtlbYt6XaouV0fWKqruUpsA65L5QpflpEq6y8X0w/s320/comer2.png" width="320" /></a></div><p>a) <i>Ela está preocupada, porque tem comido muito.</i></p><p>(Valor explicativo: eu concluo que ela está preocupada, porque ela tende a comer muito sempre que alguma coisa a preocupa).</p>b) <i>Ela está preocupada, porque tem comido muito.</i><p></p><p>(Valor causal: comer muito é o motivo de preocupação dela, pois sabe que vai engordar e prejudicar a sua saúde).<br /></p><p>Reparem como apenas no segundo caso temos uma relação de dependência da segunda oração em relação à primeira: "Ela está preocupada <u><b>por</b> estar a comer muito</u>". Esta formulação apenas permite a interpretação causal, ajudando-nos a compreender que se trata, garantidamente, de um caso de subordinação.</p><p>Espero ter ajudado quem confunda <i>porque </i>explicativo<i> </i>com<i> porque </i>causal e também quem tenha dificuldade em entender a diferença entre <i>conjunções coordenadas </i>e<i> conjunções subordinadas. </i><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: "Segoe UI Emoji";"><span style="font-size: xx-small;">😃</span></span></p><p><br /></p></div>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-78179891973429857772021-06-23T09:55:00.006+01:002021-06-23T10:05:54.537+01:00"De que se trata" - sem mais!<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Aiq7PXUCN8JARVUJv5iAsJWexg5zcYsqR5vtSy3SNxb61VdUnmnVEvwwEOo99hzn3JmPa80H0si3EdqCuVayNOegXMsfjZsQXUae7HtXrmss-HOV8LFXFBj1JKsSrFETqRBGCp_18Lti/s2048/bill-oxford-rdLERs3ZGgQ-unsplash.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1365" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Aiq7PXUCN8JARVUJv5iAsJWexg5zcYsqR5vtSy3SNxb61VdUnmnVEvwwEOo99hzn3JmPa80H0si3EdqCuVayNOegXMsfjZsQXUae7HtXrmss-HOV8LFXFBj1JKsSrFETqRBGCp_18Lti/s320/bill-oxford-rdLERs3ZGgQ-unsplash.jpg" /></a></div><span style="font-family: inherit;">A certa altura, <a href="https://gerador.eu/alastair-fuad-luke-e-possivel-que-as-pessoas-acreditem-que-o-design-em-conjunto-oferece-uma-forma-genuinamente-util-de-prototipar-o-nosso-futuro/?fbclid=IwAR203vrVM3VfDHJ84M6xdxNBdyChfRz_LvZIAFB9WyeACRLnWtt7VW1HA6Y" target="_blank">nesta entrevista</a>, o "Gerador" pergunta a Alastair Fuad-Luke: "De que se trata esta mudança?"</span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Esta questão estará formulada corretamente?</span></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; font-family: inherit;">A resposta é não. </span><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; text-align: left; white-space: pre-wrap;">A expressão <i><b>tratar-se de</b></i> é impessoal, não pode ter sujeito. Se queremos referir expressamente o sujeito (no caso em apreço, </span><i style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; text-align: left; white-space: pre-wrap;">esta mudança</i><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; text-align: left; white-space: pre-wrap;">), então teremos de perguntar, por exemplo, "</span><b style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; text-align: left; white-space: pre-wrap;">Em que consiste</b><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; text-align: left; white-space: pre-wrap;"> esta mudança?", porque estaremos a cometer um erro sintático ao empregar a expressão </span><i style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; text-align: left; white-space: pre-wrap;">tratar-se de</i><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; text-align: left; white-space: pre-wrap;"> seguida de um sujeito.</span></div><p></p><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Se, em contrapartida, preferimos começar a pergunta com a expressão "De que se trata", então digamos apenas isso: "De que se trata?"</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Do mesmo modo, a resposta não deverá começar assim: "Esta mudança <strike>trata-se de</strike>...", pois aí também há erro sintático. </span><span style="font-family: inherit;">Novamente, vale utilizar o verbo </span><i style="font-family: inherit;">consistir</i><span style="font-family: inherit;"> para o evitar ("Esta mudança consiste em..."), ou empregar apenas a expressão "Trata-se de..."</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;">Simples, não?</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit; font-size: xx-small;">(Imagem de Bill Oxford. Retirada de: https://unsplash.com/ - acesso livre)</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-86507769856507727592020-11-15T13:19:00.002+00:002020-11-15T13:19:31.059+00:00Ele foi júri ou foi jurado?<p> "Gostaria muito que fosses <strike>júri</strike> da minha prova"... "Já fui <strike>júri</strike> num concurso"...</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRmgZp5EwDr3gLFVs9sbASWJkxq-g1kOVRmCpCIE8zbQUZ85q8-vnRvpEVhZcOnAwo-9q0FdTUd3aw53YIRgkV2EQs0aBGG3PFFKJjlaUAS5fEX8-FtrVP77EW1kEaJmrOsl7pWzSOzwa8/s2048/foto+defesa.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1415" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRmgZp5EwDr3gLFVs9sbASWJkxq-g1kOVRmCpCIE8zbQUZ85q8-vnRvpEVhZcOnAwo-9q0FdTUd3aw53YIRgkV2EQs0aBGG3PFFKJjlaUAS5fEX8-FtrVP77EW1kEaJmrOsl7pWzSOzwa8/s320/foto+defesa.jpg" width="320" /></a></div><p></p><p>Este tipo de frase ouve-se com alguma frequência e todos percebemos a ideia: que as pessoas em causa fazem parte de um júri.</p><p>No entanto, a palavra <i>júri </i>designa um <b>conjunto de pessoas</b> que julgam uma causa (num tribunal), ou que avaliam o mérito de um desempenho, trabalho, obra, etc. (num concurso ou numa prova de avaliação). Logo, uma dessas pessoas não constitui o júri, apenas faz parte desse júri.</p><p> Portanto, quando nos referirmos a alguém que faz parte de um júri, devemos dizer que é um <i>jurado </i>(que significa "membro de um júri")<i>. </i>Em alternativa, naturalmente, podemos dizer que essa pessoa integra o júri, ou faz parte do júri, mas nunca devemos dizer que alguém é, foi ou será "júri".</p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-10229989644495856462020-11-08T11:03:00.009+00:002020-11-15T19:21:31.171+00:00Estasiado ou extasiado?<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBdfBn7VWjFtpM8rfwyWvAC9x_-DiUYAISfri_nvq0Ta4aKPF7ns2cn1g9Ea_aBFucb-2GxPl1xmhlNi8WummT0mpwQDCpYGw4Bbj30JuG_8Kak_WMQaViUGzamE8w_GtXD_UN8wyIze99/s2048/P1230774.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1735" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBdfBn7VWjFtpM8rfwyWvAC9x_-DiUYAISfri_nvq0Ta4aKPF7ns2cn1g9Ea_aBFucb-2GxPl1xmhlNi8WummT0mpwQDCpYGw4Bbj30JuG_8Kak_WMQaViUGzamE8w_GtXD_UN8wyIze99/s320/P1230774.jpg" /></a></div> Para quem pensava que só existia uma palavra e, por conseguinte, uma grafia possível, aqui fica o esclarecimento:<p></p><p><b><span style="color: #b45f06;">estasiado</span></b> - segundo o <i>Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa</i>, significa «que tem muita sede, sedento, sequioso», mas também «ressequido, seco». O exemplo que este dicionário fornece é "solo estasiado". A origem desta palavra, ao que parece, é obscura. (Aliás, pode gerar confusão a ideia de que este adjetivo tem relação com o nome <i>estase</i>, de origem grega, cujo sentido se prende com a fixidez - com o que é estático - e com o ato de pôr de pé). </p><p><b><span style="color: #b45f06;">extasiado</span></b> - este adjetivo, por seu turno, consiste no particípio passado do verbo <i>extasiar </i>e significa «que se extasiou, enlevado, arrebatado, encantado». Morfologicamente, é composto pelo nome <i>êxtase</i>, pelo sufixo verbal <i>-ar </i>e pelo sufixo flexional <i>-do</i>.</p><p>Portanto, o rapazinho da foto ficou <b>extasiado</b> quando viu o bolo de aniversário que a mãe fez para ele. E, como ele não quis que ninguém o comesse, para que não fosse destruído, o bolo acabou por ficar <b>estasiado</b>, ao fim de uns meses... <span style="background-color: white; color: #333333; font-family: "Segoe UI Emoji";"><span style="font-size: x-small;">😅</span></span></p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-39542375546719975642020-08-13T14:22:00.008+01:002020-11-08T10:49:58.108+00:00Bem disposto ou bem-disposto?<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHpLcpL6ztea37yVwXAZD5-sH5-4_50CBRLXPZ1-5nQmeYF72wJgUlS2BaYd8AtQ2hBdE0XGroP79iw8H7OI6813oZkM1wAyhjnFLxlpvExvuAiM0pfjQDlf8jNCaDyZJK6Y4DYQkm7FlK/s1600/IMGP7573.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHpLcpL6ztea37yVwXAZD5-sH5-4_50CBRLXPZ1-5nQmeYF72wJgUlS2BaYd8AtQ2hBdE0XGroP79iw8H7OI6813oZkM1wAyhjnFLxlpvExvuAiM0pfjQDlf8jNCaDyZJK6Y4DYQkm7FlK/s320/IMGP7573.JPG" width="320" /></a></div><br /> A diferença entre usar e não usar hífen é subtil, mas existe.<p></p><p></p><p>O dicionário recomenda que se use <b><span style="color: #e69138;">bem-disposto</span></b> como adjetivo, para caracterizar alguém que é prazenteiro, ou que está alegre, bem-humorado (por exemplo na frase «Ele está sempre bem-disposto»). Nestes contextos, o termo composto pode ser substituído por outro adjetivo com o mesmo significado, como <i>alegre </i>ou <i>divertido.</i></p><p>Porém, o dicionário nada nos diz sobre o eventual uso da locução "bem disposto", pois aí temos já duas palavras, em vez de um vocábulo formado por composição. Para vos elucidar, digo-vos eu o seguinte:</p><p>Podemos formar frases corretas em que estas duas palavras surgem seguidas. Basta que utilizemos o advérbio <i>bem</i> para reforçar a ideia da disposição (ou o grau de disposição) patente no adjetivo <i>disposto.</i> Por exemplo, na frase «Ele parece <b><span style="color: #e69138;">bem disposto</span></b> a fazer isso!». Note-se como, aqui, o adjetivo pede algo mais, pois rege preposição <i>a</i>,<i> </i>seguida de um verbo (como <i>fazer</i>)<i>.</i></p><p>Neste caso, podemos substituir a palavra <i>bem </i>por outro advérbio («Ele parece <b>muito</b> disposto a fazer isso!», «Ele parece <b>extremamente</b> disposto a fazer isso!»). Na<i> </i>primeira frase, essa substituição seria estranha, pois tornaria a frase incompleta. Se dissermos "Ele está sempre <i>muito disposto</i>», os nossos interlocutores quererão saber "<i>A quê</i>?".</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p>Portanto, se o que pretendemos é qualificar uma pessoa de divertida, prazenteira, <i><b>bem-disposta</b></i>, o hífen é essencial na escrita.</p><p><br /></p>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-17429076592205516872020-07-22T21:59:00.000+01:002020-07-22T21:59:48.372+01:00Evitar estrangeirismos desnecessários<img border="0" data-original-height="893" data-original-width="957" height="187" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvAtYSgomAl-tDxokj5Zib-qT9ZkX__227U6uG5bTCj-keCcpWKKC5nD25ZPJ03YzFlBD_7Z14Oqlswmids3tgQN1Mxjq5WGG_hF4e0WtLxWrnGuKWkNZ2kwCt3ekwzsMCTVAANYz0BBC1/w200-h187/barbarismos.png" style="font-family: Ebrima; font-size: 12pt;" width="200" /><br /><div><p class="MsoNormal"><span lang="PT" style="font-family: Ebrima; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><span> </span></span>Julgo que é consensual a ideia de que falar e escrever bem em português significa, entre outras coisas, não abusar de palavras estrangeiras.<br /> Se somos capazes de traduzir essas palavras e se os termos correspondentes, em português, são simples e fáceis de interpretar, optar por usar os estrangeirismos pode ser considerado um sinal de preguiça, de pedantismo ou de desconsideração pelo idioma nativo. <br /> Há casos, é verdade, em que se torna mais natural e acessível usar a palavra estrangeira, porque é aquela que toda a gente conhece e usa. Isso justifica-se sobretudo quando não existe um só vocábulo que tenha exatamente o mesmo sentido em português. Eis alguns exemplos:</p><i>cocktail</i> – cacharolete (alguém saberia o que isto significa?!)<br /><i>e-mail</i> – mensagem de correio eletrónico (demasiado comprido!) <br /><i>marketing</i> – divulgação ou promoção de produtos (ninguém vai perceber) <br /><i>pen</i> – dispositivo USB (um tanto ambíguo...) <br /><i>t-shirt</i> – camisola de mangas curtas (pois... mas há tantas de feitios diferentes!) <br /><i>selfie</i> – autorretrato tirado com um telemóvel (se dissermos isto, parece brincadeira!) <br /><i>take-away</i> – venda de produtos para levar (demasiado complicado!) <br /><i>very-light</i> – foguete de pistola (demasiado estranho!)<br /><br /></div><div> No entanto, há muitas situações em que preferir o termo inglês ou francês é desnecessário e até desprestigiante. Se o fazemos apenas porque o estrangeirismo soa melhor, por ignorância ou por preguiça, mais vale traduzir! Se quiserem fazer esse pequeno esforço, deixo-vos aqui uma lista com estrangeirismos que desaconselho e os respetivos equivalentes em português. Sei que, em alguns casos, é uma questão de boa vontade. Mas a língua portuguesa merece, não acham?<br /><br /><i>alien</i> – ET, extraterrestre <br /><i>expert</i> – especialista, perito <br />fazer <i>download</i> – transferir <br />fazer <i>delete</i> – apagar <br />fazer um <i>scan</i> – digitalizar <br /><i>pack</i> – conjunto, pacote <br /><i>password</i> – senha, código <br /><i>performance</i> – desempenho, prestação <br /><i>set</i> – conjunto <br /><i>show </i>– espetáculo <br /><i>template</i> – modelo, minuta, guião, formulário <br /><i>top</i> – fantástico, excelente, cinco estrelas <br /><i>username</i> – nome de utilizador <br /><i>workshop</i> – oficina, curso prático</div><div><div></div></div>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-82756416730109510382019-11-17T22:59:00.001+00:002019-11-17T22:59:42.254+00:00Sinónimos para (quase) todas as ocasiões<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXoCiqiewHpeHsnoUv33B6rNvldYwXC2udAhyDwUHuQA9qyACh7UDoXUV5zymOwJYeZkACC5wFdJpkH8AEq2dlXuotvV62093_hD_Bvc8N17FuSjz8rLFeWItcOco1wqltsoTRsqLQJySg/s1600/dic+sinonimos.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXoCiqiewHpeHsnoUv33B6rNvldYwXC2udAhyDwUHuQA9qyACh7UDoXUV5zymOwJYeZkACC5wFdJpkH8AEq2dlXuotvV62093_hD_Bvc8N17FuSjz8rLFeWItcOco1wqltsoTRsqLQJySg/s320/dic+sinonimos.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "ebrima"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "ebrima"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Já se deram conta, certamente, de que há muitas palavras
que repetimos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">n </i>vezes, porque dão
muito jeito. Por exemplo, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">achar, estar, muito,
coisa, vez, giro, interessante</i>… Ora, se tivermos de escrever uma composição, uma carta formal, um trabalho ou outro texto que exija uma linguagem mais cuidada, ou se tivermos de fazer uma apresentação oral, convém que evitemos usar essas palavras muitas
vezes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "ebrima"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Para variar o vocabulário, podemos, claro, consultar dicionários de sinónimos e ler bons livros com frequência. Porém, uma vez que existem situações em que temos pouco ou nenhum tempo para fazer pesquisas, deixamos aqui uma pequena “cábula” com várias opções para evitar repetir algumas das palavras
mais comuns. É claro que nem todos os sinónimos servem para substituí-las nos
mesmos contextos – terá de se aferir quais é que podem ser utilizados em cada
ocasião.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "ebrima"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> Quem quiser empenhar-se nisto um pouco mais, pode criar uma lista semelhante a esta, à qual depois poderá ir acrescentando
outras palavras que o próprio tenha tendência para repetir, assim como mais sinónimos para
cada uma, à medida que os for descobrindo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "ebrima"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Boa escrita e... divirtam-se!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "ebrima"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "ebrima"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 8.5pt; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt;">
</div>
<ul>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">achar – </span></b><span lang="PT">encontrar, considerar, crer, julgar, descobrir, determinar, reconhecer<o:p></o:p></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">bom – </span></b><span lang="PT">agradável, aprazível, apropriado,
adequado, certo, correto<b><o:p></o:p></b></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">coisa</span></b><span lang="PT"> – aspe(c)to, característica, componente,
elemento, obje(c)to<o:p></o:p></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">diferente –</span></b><span lang="PT"> contrário, desigual, distinto, díspar, dissemelhante,
diverso, oposto<b><o:p></o:p></b></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">dizer – </span></b><span lang="PT">alvitrar,
deliberar, determinar, observar, opinar, proferir, pronunciar<o:p></o:p></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">giro – </span></b><span lang="PT">airoso, belo, bonito, formoso, elegante,
gracioso, interessante<b><o:p></o:p></b></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">igual – </span></b><span lang="PT">afim, análogo, idêntico, paralelo,
parecido, semelhante, do mesmo género<o:p></o:p></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">interessante </span></b><span lang="PT">– aliciante, entusiasmante, estimulante, intrigante,
cativante<o:p></o:p></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">muito </span></b><span lang="PT">– assaz, bastante, consideravelmente,
intensamente, enormemente<o:p></o:p></span></span></li>
<li><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"><b><span lang="PT">pensar – </span></b><span lang="PT">avaliar, considerar,
deliberar, estimar, meditar, ponderar, refle(c)tir<o:p></o:p></span></span></li>
<li><b><span lang="PT"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">vez</span></span></b><span lang="PT"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;"> – chance, ensejo, momento, ocasião, oportunidade,
situação, turno</span><o:p></o:p></span></li>
</ul>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "ebrima"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">
</span></div>
<br />S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-14034732749858309642019-01-31T12:19:00.001+00:002019-01-31T13:36:50.170+00:00Fluida ou fluída? Fluido ou fluído?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIq8WqmpLa9dQo2WRlHBKPFWRxa8o5UWKWUyninpQtCLJ3HlMsT8d7zSWhQjPhevOObtVkG0MsriT0GLPZ_oGMYO1Jvw06Qk370X4-DtQXtuir-PZuzSOqa1D-0JCofvoYC9mvVg3-tn0P/s1600/48379391_2355866924454759_1082259289608814592_o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIq8WqmpLa9dQo2WRlHBKPFWRxa8o5UWKWUyninpQtCLJ3HlMsT8d7zSWhQjPhevOObtVkG0MsriT0GLPZ_oGMYO1Jvw06Qk370X4-DtQXtuir-PZuzSOqa1D-0JCofvoYC9mvVg3-tn0P/s320/48379391_2355866924454759_1082259289608814592_o.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Preparava-me para publicar um pequeno texto no Facebook quando o corretor ortográfico sublinhou a vermelho uma das palavras: era o adjetivo feminino <b><i>fluida</i></b>. Cliquei no botão do lado direito do rato e apareceu a sugestão: <i>fluída. </i><br />
Estranhei. O adjetivo <i><b>fluido</b></i> (bem como a sua forma feminina <i><b>fluida</b></i>) escreve-se sem acento gráfico, porque se pronuncia com ditongo na sílaba tónica: [uj] (como na palavra <i>descuido</i>). Trata-se de uma palavra com duas sílabas: <u>flui-do</u>.<br />
<br />
É certo que muitas pessoas dizem "fluído" e "fluída", em vez de <i><b>fluido</b></i> e <b style="font-style: italic;">fluida</b>, por exemplo em frases como "o discurso deve ser <strike>fluído</strike>", ou "a leitura deve ser <strike>fluída</strike>", mas isso não é correto. Será que o corretor automático também está errado? Na verdade, este assunto tem um pouco mais que se lhe diga...<br />
<br />
Vejamos: dizer e escrever <i>fluído</i> em vez de <i>fluido </i>é um erro sempre que se esteja a empregar a palavra como adjetivo ou nome. Só nos casos em que se trata do particípio passado do verbo <i><b>fluir</b></i> é que se pode escrever a palavra com acento. Então, sim, pronuncia-se sem ditongo, pois a sílaba tónica é constituída apenas pela vogal [i] (como na palavra <span style="font-style: italic;">roído</span>). Esta tem três sílabas: <u>flu-í-do</u>.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
Sistematizando, vejamos<b> </b>quando usar uma e outra forma:<br />
<br />
a) <b><i>fluido/a</i></b> (sem acento agudo) - quando é um adjetivo ou um nome (masculino). Exemplos:<br />
<br />
<i>Um discurso <u>fluido</u> torna-se mais agradável e cativante.</i><br />
<i> Para que a leitura seja <u>fluida</u>, o texto tem de estar bem organizado.</i><br />
<i> No próximo semestre terei a cadeira de Mecânica dos <u>Fluidos</u>.</i><br />
<i><br /></i>b) <i style="font-weight: bold;">fluído </i>(com acento agudo) - quando é o particípio passado do verbo <i>fluir</i>. Exemplo:<br />
<i><br /></i><i> O facto de o rio ter <u>fluído</u> por aí, em tempos, faz com que a vegetação nessa zona seja mais verdejante do que nos terrenos à volta.</i><br />
<div>
<i><br /></i>
Concluindo: faltavam, no dicionário do corretor automático, as palavras <i>fluído(s)</i> e <i>fluída(s)</i>, que lhe acrescentei. Em todo o caso, será sempre preciso ter atenção, no uso destas formas derivadas do verbo <i>fluir</i>: o segredo está no contexto.<br />
<br /></div>
S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-59587850249022782512018-12-02T10:17:00.000+00:002018-12-02T10:53:44.278+00:00Filhós e filhoses - a norma e o uso... outra vez!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoZBBLdtxngO6vRigbsB0Avsj-62AUnZnJAXbr5uu7N99MeGqV_eDMZL6Djfipz8Qou7eUxg7ehqJ2hhxZdA8JGQID4OUXmq7FWSNU4FfFoyMAKuFujrpDtV5-Wgs3-0V0xHPWWHuTJawE/s1600/P1150662.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoZBBLdtxngO6vRigbsB0Avsj-62AUnZnJAXbr5uu7N99MeGqV_eDMZL6Djfipz8Qou7eUxg7ehqJ2hhxZdA8JGQID4OUXmq7FWSNU4FfFoyMAKuFujrpDtV5-Wgs3-0V0xHPWWHuTJawE/s320/P1150662.JPG" width="240" /></a></div>
<br />
O José Pedro Vasconcelos tinha tido recentemente uma discussão com a Tânia Ribas de Oliveira sobre a palavra <i>filhós</i>: seria esta o plural (de <i>filhó</i>) ou o singular (sendo <i>filhoses</i> o plural)?<br />
<br />
Quando me entrevistaram no programa <a href="http://media.rtp.pt/agoranos/" target="_blank">Agora Nós</a>, no dia 29 de N/novembro de 2018, ele aproveitou para me perguntar qual era a forma correta. Ora, eu dei a resposta que me pareceu desejada: disse que <i>filhó</i> era o singular e <i>filhós</i> o plural.<br />
Porém, o José Pedro tinha feito umas pesquisas na Internet e descobriu que já na década de 1960 Rebelo Gonçalves reconhecia que <i>filhoses</i> era um plural tão usado, inclusivamente por certos escritores que reproduziam nas suas obras o discurso popular, que se podia considerar como variante. Assim, a palavra tem hoje duas formas possíveis:<br />
<br />
singular: <b>filhó</b> / plural: <b>filhós</b><br />
singular: <b>filhós</b> / plural: <b>filhoses</b><br />
<br />
Isto é perfeitamente aceitável e é o que acontece numa língua viva, usada (e abusada também!) diariamente por milhões de pessoas. Como eu tinha referido, no início da minha intervenção, a língua é democrática - é o conjunto de falantes que acaba por decidir para onde vai e como vai (e isto é um facto e não uma opinião...).<br />
<br />
No entanto, quando as pessoas me perguntam "qual é a forma corre(c)ta?", parto do princípio de que querem saber qual é a mais rigorosa, a mais antiga, a mais legítima do ponto de vista etimológico, histórico, gramatical, etc. E essa, neste caso, é <i>filhó</i>. Vem do latim <i>foliōla</i>, ou <i>foliōlu-, </i>diminutivo de "folha", que significava "bolo folhado". A forma <i>filhoses</i> (que deu origem ao singular <i>filhós</i>) é popular e consagrou-se pela generalização do uso equivocado (tal como <i>esparguete</i>, <i>bêbado</i>, <i>púdico,</i> <i>febra</i> e tantas outras). Aliás, como observou Carolina Michaelis, este vocábulo foi masculino e dizia-se, em tempos antigos, «não vai por aí a gata aos filhós»(1).<br />
<br />
Em todo o caso, o que sucede é que, quando eu começo por dar como resposta à tal pergunta que "ambas as formas são possíveis", as pessoas costumam ficar descontentes e desconfiadas. "Não pode ser!", dizem. "Tem de haver uma forma mais corre(c)ta do que a outra!" Por outras palavras, tenho a sensação de que, se eu tivesse dado essa resposta, o José Pedro teria contraposto às minhas palavras a evidência de que, afinal de contas, <i>filhó</i> é a forma do singular mais legítima, e o plural <i>filhós</i> é o mais corre(c)to!<br />
<br />
<br />
<br />
(1) - Machado, José Pedro,<i>Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa.</i> Lisboa: Horizonte, 1.ª edição: 1952, 6.ª edição: 1990.<br />
<br />
Nota - apresento neste texto as duas grafias alternativas (pré- e pós-) para as palavras que foram afe(c)tadas pelo Acordo Ortográfico de 1990.<br />
<br />S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-59579676845093824382018-10-18T10:14:00.002+01:002018-10-18T10:14:29.086+01:00Podemos "enveredar esforços"?Há quem diga que vai "enveredar esforços" para atingir determinado objetivo. Será apropriada tal combinação de palavras?<br />
Não! Trata-se de um erro que deriva da confusão entre os verbos <i>enveredar</i> e <i>envidar.</i> Se são parecidos na forma, a verdade é que o significado destes verbos é bastante diferente, assim como o modo de os utilizar em frases.<br />
<br />
<b>Enveredar</b> vem de <i>vereda</i>, que é um caminho. Portanto, significa meter-se por uma vereda, fazer-se ao caminho, encaminhar-se. Rege a preposição <i>por </i>e pode ser usado em sentido literal ou em sentido figurado. Leiam-se, a título de exemplo, as frases seguintes:<br />
<br />
a) <i>Para poupar tempo, enveredou por um atalho.</i><br />
b) <i>Infelizmente, acabou por enveredar por maus caminhos e nunca conseguiu vingar na vida.</i><br />
<i><br /></i><b>Envidar</b> significa convocar e deriva do mesmo verbo latino que deu origem ao verbo <i>convidar</i>: <em style="background-color: #fafafa; box-sizing: border-box; color: #212121; font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 14.6667px; text-align: justify;">invit</em><span style="background-color: #fafafa; box-sizing: border-box; color: #212121; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: 11pt; text-align: justify;"><em style="box-sizing: border-box;">ãre</em><span style="box-sizing: border-box;">. </span></span>Usa-se com o sentido de recorrer a esforços, empregar meios ou empenhar-se, no sentido de atingir algum objetivo. Por exemplo nas frases seguintes:<br />
<br />
c) <i>Vamos envidar todos os meios ao nosso alcance para combater este flagelo.</i><br />
d) <i>O Ministro garantiu que envidaria os recurso necessários para resolver o problema.</i><br />
<br />
Conclui-se, assim, que dizer "vou enveredar esforços" não só é um erro lexical, porque o verbo não tem o significado que se aplicaria nesse contexto, como é também um erro sintático, uma vez que se envereda "<u>por</u> algum lado", mas não se envereda "alguma coisa".S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-85750936107079895912018-10-17T13:36:00.000+01:002018-10-21T18:02:49.325+01:00Para acabar de vez com o mau português!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiupVzUETqvpOzPTb-Rd6czlxXzdJC8e1rlg8fatGEfGrphdSj_Jt0wuHV17C4ENQ6LJMcFtH7ErpU_7aDgTwh0oqriYjTQw-57WTsPM_m_XHOjLY0FgbiZpNAnMEIXiK-cvWr9ynknzrwc/s1600/CAPA+PAVCMP+RS.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1130" data-original-width="1246" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiupVzUETqvpOzPTb-Rd6czlxXzdJC8e1rlg8fatGEfGrphdSj_Jt0wuHV17C4ENQ6LJMcFtH7ErpU_7aDgTwh0oqriYjTQw-57WTsPM_m_XHOjLY0FgbiZpNAnMEIXiK-cvWr9ynknzrwc/s320/CAPA+PAVCMP+RS.jpeg" width="320" /></a></div>
Saiu hoje o meu novo livro, que faz uma abordagem diferente, mais leve e bem-humorada, à problemática dos erros frequentes. Isto porque acredito que, nestas questões de correção linguística, quem oferece explicações cai facilmente num discurso demasiado técnico, denso e maçador, que não só custa a entender, como aborrece que ouve ou lê.<br />
<br />
Assim, nesta obra apresento diálogos "reais", ou pelo menos prováveis, que permitem perceber em que situações concretas é que essas incorreções podem surgir no dia a dia e dificultar a comunicação.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ7LdZCm79pjxzBSiWr2SOPr-rc38wbSE6_zsKhHcOuXawD-PKpgT1D0g9cO8UUjQUYNH1o_6I5Orvrlio6CqjxzIz_1ykUP0z4uhUB9GLKiKvhR8dS8aqSS_xMnVpoLu1gnJHSqFc_VsV/s1600/14-MAU-PORTUGUES-convite-FB-1200x900.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1200" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ7LdZCm79pjxzBSiWr2SOPr-rc38wbSE6_zsKhHcOuXawD-PKpgT1D0g9cO8UUjQUYNH1o_6I5Orvrlio6CqjxzIz_1ykUP0z4uhUB9GLKiKvhR8dS8aqSS_xMnVpoLu1gnJHSqFc_VsV/s320/14-MAU-PORTUGUES-convite-FB-1200x900.png" width="320" /></a><br />
Espero que muitos leitores o considerem útil e que se divirtam com este meu novo trabalho, que apresenta ilustrações da minha irmã, Marta Leite.<br />
<br />
Aproveito para divulgar o convite para o lançamento, que será na próxima semana, em Lisboa, na Livraria Bertrand do Centro Comercial das Amoreiras, às 18h.30m. A apresentação do livro será feita pelo meu amigo e ex-professor, Gustavo Rubim.<br />
<br />S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-47205167499506040072018-04-06T13:43:00.002+01:002018-04-19T21:55:11.972+01:00Podermos ou pudermos?<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Na escrita das diferentes formas do verbo <i>poder</i>, alternam-se as vogais <b><i><u>o</u></i></b>
e <b><i><u>u</u></i></b>.
A melhor forma de saber quando utilizar cada uma destas vogais ao conjugar o verbo
<i>poder</i> é fixar a regra seguinte:
quando o som da letra <b><i><u>e</u></i></b>
é fechado (soa como o <b><i><u>e</u></i></b> de <i>v<u>e</u>r</i>) </span><span style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 16px;">a palavra escreve-se com </span><b style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 16px;"><i><u>o</u></i></b><span style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;">; quando </span><span style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;">o som da letra </span><b style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;"><i><u>e</u></i></b><span style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;">
é aberto (soa como o </span><b style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;"><i><u>e</u></i></b><span style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;"> de </span><i style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;">p<u>e</u>rto</i><span style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;">), </span><span style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;">a palavra escreve-se com </span><b style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;"><i><u>u</u></i></b><span style="font-family: "calisto mt", serif; font-size: 12pt;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Veja-se, assim, como têm um som diferente as formas que se costumam confundir, como as seguintes flexões do Futuro do
Conjuntivo (que se usa em frases com a conjunção <i>se</i>) e do Infinitivo Pessoal (que se usa com preposições como <i>para</i>, <i>de</i>, <i>por</i>, etc.):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">1.<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Se eu <b><u>puder</u></b>
ir, avisar-te-ei.</span></i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> (Futuro do
conjuntivo)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">2.<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para eu <b><u>poder</u></b>
ir, terás de me dar boleia.</span></i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">
(Infinitivo pessoal)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">3.<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Se não <b><u>pudermos</u></b>
ir, será uma pena. </span></i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">(Futuro do
conjuntivo)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">4.<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Estou contente por <b><u>podermos</u></b>
ir.</span></i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> (Infinitivo pessoal)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-add-space: auto; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">5.<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Se eles <b><u>puderem</u></b>
ir, será melhor.</span></i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> (Futuro do
conjuntivo)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">6.<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 7pt; font-stretch: normal; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O facto de eles <b><u>poderem</u></b>
ir é excelente.</span></i><span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> (Infinitivo pessoal)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify; text-indent: 0px;">
<span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><i> </i>Portanto, quando tiver
dúvidas, experimente dar atenção à qualidade da vogal correspondente à letra </span><b style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><i><u>e</u></i></b><i style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">. </i><span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Se abrir mais a boca para a
pronunciar, escreva a palavra com </span><b style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><i><u>u</u></i></b><span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">. Se a sua boca ficar mais
fechada ao pronunciá-la, escreva a forma verbal com </span><b style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><i><u>o</u></i></b><span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">.</span><br />
<span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><br /></span>
<span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><br /></span></div>
S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-78332230643237542712018-03-21T10:20:00.000+00:002018-07-21T11:11:50.535+01:00De mais ou demais? Esclareçamos esta dúvida de uma vez por todas!<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; line-height: 150%;"><b><span style="font-size: large;">DEMAIS</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; line-height: 150%;"><b><span style="font-size: large;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> A palavra <b><i><u>demais</u></i></b><i> </i>pode usar-se em vários contextos, com
vários significados. Tem, antes de mais (!!), a utilização de advérbio, significando
o mesmo que "demasiado" ou "demasiadamente", mas também é usada com o sentido de "muitíssimo"
(qualificando enfaticamente uma ação, um modo ou uma qualidade)<i>. </i>Nestes contextos, a palavra <b><i><u>demais</u></i></b>
serve para modificar verbos, advérbios e adjetivos. Por exemplo, nas frases
seguintes:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt;"> (1) <i>Ontem comi <b><u>demais</u></b> ao jantar. </i>(Ou:
"Ontem comi <u>demasiadamente</u>")<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt;"> (2) </span><i style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt;">Isso é mau <b><u>demais</u></b>!</i><span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt;">
(Ou: "Isso é </span><u style="font-family: "Calisto MT", serif; font-size: 12pt;">muitíssimo</u><span style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12pt;"> mau!")</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> É comum usar-se <b><i><u>demais</u></i></b> como com o
mesmo sentido de "muitíssimo" (ver frase 2), mas sem referir qualquer
adjetivo. Portanto, fazendo desta palavra um adjetivo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> (3) <i>Esse filme é <b><u>demais</u></b>!</i>
(Ou: "Esse filme é muitíssimo <u>giro/bom/divertido</u>!")<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <b><i><u>Demais</u></i> </b>também se pode usar,
como palavra só, com o mesmo sentido de "além disso", embora essa
utilização não seja muito frequente. Neste caso, é talvez mais comum ouvir-se a
expressão "demais a mais". Por exemplo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt;">(4) <i>Não me apetece
sair. <b><u>Demais</u></b>, estou sem
dinheiro. </i>(Ou: "<u>Além disso</u>, estou sem<br />
dinheiro")<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt;">(5) <i>Não me apetece
sair. <b><u>Demais a mais</u></b>, estou
sem dinheiro.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Finalmente, <b><i><u>demais</u></i></b> pode ser um
pronome ou determinante demonstrativo, cujo sentido é idêntico a "os
restantes" ou "os outros". Neste caso, é sempre precedido pelo
artigo o(s). Por exemplo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt;">(6) <i>O Marco e <u>os
<b>demais</b></u> rapazes do grupo ficaram
calados. </i>(Ou: "O Marco e <u>os outros</u> <br />
rapazes do grupo")<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b style="font-size: medium;"><span style="font-size: large;">DE MAIS</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> Quando falamos de quantidade depois de termos referido um
nome (ou substantivo), devemos usar a locução "de
mais", porque não seria lógico empregar o advérbio <i>demasiadamente</i> nem o advérbio <i>muitíssimo
</i>após o nome (por exemplo, nas frases: "Pus açúcar <s>demasiadamente</s>
no café" ou "Tenho dúvidas <s>muitíssimas</s>")<i>.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">A locução
<b><i><u>de
mais</u></i></b> significa, então, "em número excessivo" ou "em
quantidade excessiva". Nestes casos, pode ser substituída pelas locuções <i>em excesso </i>e <i>em demasia</i>, que também serve para modificar nomes. Por exemplo, nas
frases:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt;"> (7) <i>Pus <u>açúcar</u>
<b>de mais</b> no café!</i> (Ou: "Pus
açúcar <u>em excesso</u> no café!")<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt;"> (8) <i>Tenho <u>dúvidas</u>
<b>de mais</b>... </i>(Ou: "Tenho dúvidas
<u>em demasia</u>")<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-family: "calisto mt" , serif; font-size: 12.0pt;"> Espero ter ajudado a resolver as vossas dúvidas!</span></div>
S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-63376236864311757162018-02-07T10:43:00.001+00:002018-02-07T10:43:13.276+00:00Consoantes mudas que já tinham desaparecido em 1945<br />
Para quem não é desse tempo e tem curiosidade de saber que consoantes "mudas" já tinham sido descartadas da nossa ortografia em 1945, aqui fica um excerto com vários exemplos concretos.<br />
<br />
<br />
<div dir="ltr" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Do Acordo Ortográfico de 1945:</div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
Documento n.º 2, ponto 6:</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: small;">
<span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">O </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">c</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;"> gutural das sequências interiores </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">cc</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;"> (segundo </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">c</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;"> sibilante), </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">cç</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;"> e </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">ct</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">, e o </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">p</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;"> das sequências interiores </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">pc</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;"> (e sibilante), </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">pç</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;"> e </span><i style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">pt</i><span style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">, ora se eliminam, ora se conservam. Assim:</span><div class="gmail-list" style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">
1.° Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos, quer na pronúncia portuguesa, quer na brasileira, e em que não possuem qualquer valor particular: <i>aflição, aflito, autor, condução, condutor, dicionário, distrito, ditame, equinócio, extinção, extinto, função, funcionar, instinto, praticar, produção, produto, restrição, restrito, satisfação, vítima, vitória</i>, <span style="background-color: yellow;">em vez de <i>aflicção, aflicto, auctor, conducção, conductor, diccionário, dístricto, dictame, equinóccio, extincção, extincto, funcção, funccionar, instincto, practicar, producção, producto, restricção, restricto, satisfacção, víctima, victórìa</i></span>; <i>absorção, absorcionista, adsorção, assunção, assunto</i> (substantivo), <i>cativar, cativo, descrição, descritivo, descrito, excerto, inscultor, inscultura, presunção, presuntivo, prontidão, pronto, prontuário, redenção, redentor, transunto</i>, <span style="background-color: yellow;">em vez de <i>absorpção, absorpcionista, adsorpção, assumpção, assumpto, captivar, captivo, descripção, descriptivo, descripto, excerpto, insculptor, insculptura, presumpção, presumptivo, promptidão, prompto, promptuário, redempção, redemptor, transumpto</i></span>;</div>
<div class="gmail-list" style="color: #202020; font-family: Verdana, Geneva, sans-serif; font-size: 11px;">
2.° Conservam-se não apenas nos casos em que são invariavelmente proferidos (<i>compacto, convicção, convicto, ficção, fricção, friccionar, pacto, pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto</i>; etc.), mas também naqueles em que só se proferem em Portugal ou só no Brasil, quer geral, quer restritamente: <i>cacto</i> (<i>c</i> interior geralmente proferido no Brasil e mudo em Portugal), <i>caracteres</i> (<i>c</i> interior em condições idênticas), <i>coarctar, contacto, dicção, facto</i> (<i>c</i> geralmente proferido em Portugal e mudo no Brasil), <i>jacto, perfunctório, revindicta, tactear, tacto, tecto</i> (<i>c</i> por vezes proferido no Brasil); <i>assumptível, assumptivo, ceptro, consumpção, consumptível, consumptivo, corrupção, corruptela, corrupto, corruptor, peremptório</i> (<i>p</i> interior geralmente proferido no Brasil, mas predominantemente mudo em Portugal), <i>sumptuário, sumptuoso</i>; [...]</div>
</div>
S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-71868477883363365742017-08-23T09:17:00.000+01:002017-08-23T09:17:03.667+01:00Quem tem medo dos parónimos?Eis o nosso mais recente livro: <i><a href="http://www.planeta.pt/livro/mais-pares-dificeis-da-lingua-portuguesa-2" target="_blank">Mais pares difíceis da língua portuguesa</a>.</i><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikcIZhcQogOx8SEnW_Scu2CkcTcI037oP0_CNabgDEfFowDcYBJl8OOSBu4AVQ86z2kbNceVaNGfePTiay9HRimOlPyunMaSK2dV-djZylFSyTcXB4A17Nz-InAn6aAT3einhcw1dC5LFE/s1600/350x.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="531" data-original-width="350" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikcIZhcQogOx8SEnW_Scu2CkcTcI037oP0_CNabgDEfFowDcYBJl8OOSBu4AVQ86z2kbNceVaNGfePTiay9HRimOlPyunMaSK2dV-djZylFSyTcXB4A17Nz-InAn6aAT3einhcw1dC5LFE/s320/350x.jpg" width="210" /></a><br />
<br />
<i></i>Dando continuidade ao primeiro volume, apresentamos outros 270 pares de palavras que os falantes de português tendem a confundir, uma vez que se trata de <i>parónimos</i>, isto é, de termos semelhantes na grafia e na pronúncia, com significados bem distintos. Por ordem alfabética, a diferença entre cada par é explicada por meio de definições e exemplos. São tratados, por exemplo, estes termos:<br />
<br />
<i>arrestar / arrostar</i><br />
<i>complementar / suplementar</i><br />
<i>diretiva / diretriz</i><br />
<i>encadear / encandear</i><br />
<i>especificar / explicitar</i><br />
<i>ficcional / fictício</i><br />
<i>prático / pragmático</i><br />
<i>quantidade / quantia</i><br />
<i>regular / regularizar</i><br />
<i>ruço / russo</i><br />
<i>sagrar / singrar</i><br />
<i>temerário / temeroso</i><br />
<i>voracidade / voragem</i><br />
<br />
Esperamos que este pequeno contributo seja útil a muitos leitores e utilizadores da língua portuguesa por esse mundo fora!<br />
<br />
<br />S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2659753198182021509.post-14679169084172512472017-05-26T11:58:00.003+01:002017-05-26T11:58:49.579+01:00Exercício de revisão ortográfica<br />
Para hoje, proponho aos leitores um exercício de revisão de texto: ler e melhorar a ortografia deste excerto do <a href="http://expresso.sapo.pt/newsletters/expressomatinal/2017-05-26-O-Schauble-esta-a-gozar-connosco" target="_blank">"Expresso curto"</a>:<br />
<br />
<br />
<i><strong style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 20px;">O único ministro das Finanças que ele alguma vez defendeu publicamente foi Jeroen Dijsselbloem</strong><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 20px;">, por acaso o presidente do Eurogrupo, que é uma espécie de porta-voz de Schäuble. Mas para os mais distraídos recomendo vivamente a crónica que o embaixador Seixas da Costa escreve hoje no seu blogue “Duas ou três coisas” (e que vai exactamente no mesmo sentido do que escrevo amanhã para o Expresso).</span><br style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 20px;" /><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 20px;">Diz Seixas da Costa: </span><strong style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 20px;">“Só alguma saloiíce lusitana é que acha que a “teoria económica” da Geringonça é vista com admiração nos círculos preponderantes no Eurogrupo.</strong><span style="background-color: white; font-family: Georgia, serif; font-size: 20px;"> É claro que eles podem achar curiosos os resultados obtidos, mas ninguém os convence minimamente de que tudo não decorre de um acaso pontual. Para eles, trata-se apenas de um "desenrascanço" conjuntural, fruto de alguma acalmia dos mercados, do efeito das políticas temporalmente limitadas do BCE, do salto das exportações (que entendem nada ter a ver com a ação do governo), do surto do turismo (por azares alheios e sorte nossa, como o “milagre do sol”), bem como do "pânico" de PCP e BE em poderem ver Passos & Cia de volta, desta forma “engolindo sapos” e permitindo ao PS surpreender Bruxelas com o seu seguidismo dos ditâmes dos tratado. </span></i>S. Leitehttp://www.blogger.com/profile/02573728974324944764noreply@blogger.com1