29 maio 2012

Como fica "capitão" no feminino?



Capitão vem do genovês capitan, por sua vez derivado do latim capitanu-. Não existia, como é natural, o feminino, mas podemos dizer que a forma preferível talvez seja capitã, a mais provável e natural, caso tivesse havido essa evolução até aos nossos dias.
No que respeita a postos militares, porém, ainda perdura a tendência para os manter invariáveis quanto ao género. Assim, é usada a forma capitão para as mulheres, e é isto mesmo que atesta o recente Vocabulário Ortográfico Português, disponibilizado em linha no Portal da Língua Portuguesa.
Mas capitoa é forma que já se usou no passado, como capitaina. Hoje, porém, essas duas formas flexionadas de capitão parecem estar a cair em desuso.

18 maio 2012

Mais bom e mais mau?

   Muita gente dirá, sem reflectir, que "mais bom" e "mais mau" são formas incorrectas de usar o grau comparativo desses adjectivos. No entanto, não são. Tudo depende do contexto...    


   O comparativo regular "mais bom", ou "mais mau", pode e deve usar-se quando comparamos adjectivos diferentes (um das quais é bom ou mau) no mesmo ser ou coisa.

   Por exemplo: “ele é mais bom do que inteligente”.
   Nesta frase, teria outro sentido dizer “ele é melhor do que inteligente”. Porque o que pretendemos dizer é que ele possui a qualidade da bondade em quantidade superior relativamente à qualidade da inteligência e não que ele possui uma qualquer qualidade (indeterminada) que é superior à inteligência.

   Outro exemplo: posso referir-me a um cão que é “mais mau do que estúpido

   Ou seja, o cão revela, para mim, maldade em grau superior, relativamente à sua estupidez.
   Mais uma vez, usar o comparativo irregular - “o cão é pior do que estúpido” - implicaria uma ideia diferente.


 

04 maio 2012

"derivado a"... ou "devido a"?

A regência preferível do adjetivo participial derivado é “de”. Portanto, devemos dizer que algo é derivado de outra coisa, ou seja, que tem nela a sua origem – por exemplo, que o iogurte é derivado do leite.
Quando falamos de causas, devemos usar a expressão consagrada devido a, que é mais adequada, porque significa precisamente “por causa de”. O verbo dever, quando conjugado pronominalmente (dever-se), tem precisamente esse sentido, que é “ter como causa, ser resultado de”.
Derivar é um pouco diferente, porque pressupõe um produto que resulta de um processo de transformação de determinada “matéria-prima”, digamos.
Assim, quando explicamos o que provocou, por exemplo, um acidente, não devemos dizer que este foi derivado a um despiste, mas que foi devido a um despiste.