04 maio 2012

"derivado a"... ou "devido a"?

A regência preferível do adjetivo participial derivado é “de”. Portanto, devemos dizer que algo é derivado de outra coisa, ou seja, que tem nela a sua origem – por exemplo, que o iogurte é derivado do leite.
Quando falamos de causas, devemos usar a expressão consagrada devido a, que é mais adequada, porque significa precisamente “por causa de”. O verbo dever, quando conjugado pronominalmente (dever-se), tem precisamente esse sentido, que é “ter como causa, ser resultado de”.
Derivar é um pouco diferente, porque pressupõe um produto que resulta de um processo de transformação de determinada “matéria-prima”, digamos.
Assim, quando explicamos o que provocou, por exemplo, um acidente, não devemos dizer que este foi derivado a um despiste, mas que foi devido a um despiste.

4 comentários :

Anónimo disse...

Obrigada!!! NA verdade entre para saber se usava devido algo ou devido a algo. Ex: devido dimensão continental ou devido à dimensão continental. Devido o acaso ou devido ao acaso. Mas, como disse que a expressão já é devio a, porque origina de por causa de, com preposição, entendi que sempre uso devido com a preposição a. Entendi direito?

S. Leite disse...

Se for com o significado de "por causa", ou "que se deve", sim. Mas "devido" também pode ser usado como adje(c)tivo, com o sentido de "corre(c)to", "adequado" e, nesses contextos, não requer preposição a seguir. Por exemplo: "Para o devido efeito, declaro que fulano de tal é funcionário nesta empresa".

isabel disse...

Obrigada, S. Leite!

Já registei o link p este blog, achei a sua resposta com imensa qualidade, bem fundamentada e escrita

Como sou filha/sobrinha/neta/bisneta de pessoas com elevado nível cultural, SEMPRE se falou bem em minha casa, logo, sempre se escreveu bem.

Cedo percebi a vantagem que isso me trazia na minha área (Ciências/Mat.) e acabei, por força das circunstâncias, por me tornar tradutora técnica.

Felizmente constato que tenho valor, pois sou reconhecida internacionalmente...trabalho com USA, Canadá, Coreia, Índia, Holanda, Espanha, Itália, França, etc...

Acontece que, como tive esse bom background familiar, e dada a preguiça inerente aos adolescentes, nunca ESTUDEI Português e sempre tive boas/óptimas notas na escola, o que agora tem sido uma limitação quando me pedem para rever traduções de outrém, pois recuso aceitar quando se trata de revisões mais da forma da língua do que do conteúdo técnico, pois uma coisa é saber escrever BEM e outra é justificar que o tradutor deveria ter escrito de outra forma...este Post é um dos exemplos representativos (embora a uma escala muito simples) daquilo com que me poderia confrontar se aceitasse tudo o que me propõem que reveja

Por isso comecei por dizer que já guardei o link do blog ;-)

E quis deixar aqui 1 comentário com a importância que pode ter...acompanhado de um BEM HAJA!

Isabel

S. Leite disse...

Cara Isabel: obrigada pelas suas palavras de alento e reconhecimento. Como ultimamente tenho tido poucas oportunidades para deixar aqui conteúdos novos, sugiro que explore o que já foi publicado neste blogue, desde 2007.
Felicidades!