03 janeiro 2010

Ano novo, grafia nova... ou não?!

Parece que o Acordo continua a dormir em Portugal, embora não tenha propriamente um sono descansado!
Esta abertura do Ciberdúvidas deixa várias sugestões de leitura, para quem queira saber em que ponto as coisas estão, no que toca à aplicação da já serôdia norma de 1990. Destacamos o texto de Alexandra Prado Coelho e, em particular, este pequeno excerto:

«A nova ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, parece partilhar as convicções do antecessor, José António Pinto Ribeiro, e diz que quanto mais depressa o aplicarmos, melhor será para afirmar a língua portuguesa no mundo. A ministra da Educação, Isabel Alçada, pede tempo para a introdução das novas regras nas escolas. Em que ficamos?»

Ficamos na indefinição do costume, na confusão a que estamos habituados. E, para piorar as coisas, ficamos a saber ainda que vai haver mais do que um vocabulário ortográfico da língua portuguesa (obra supostamente esclarecedora quanto à unificação da grafia e à resolução das ambiguidades que o texto do Acordo lança para os falantes). Parece que há especialistas a trabalhar em simultâneo, o que seria muito bom... mas em grupos separados, o que é péssimo. Portanto, a pergunta vai continuar a pairar sobre nós, comuns utilizadores da língua: em que é que ficamos?!

Com ou sem Acordo... bom ano a todos!

5 comentários :

Rachelet disse...

Para mim, enquanto os manuais escolares e as notícias e divulgações nos meios de comunicação oficiais não forem redigidos em «acordês», e enquanto esta actualização não for contemplada em ferramentas tão quotidianas como os correctores ortográficos dos editores de texto, mantém-se a língua com as regras que vínhamos seguindo.

S. Leite disse...

Confesso que também me custa ir à frente da onda, quando nem sequer me apetece nadar neste mar... vou por arrasto, quando não tiver outra hipótese.

Nós disse...

as opiniões das ministras estão de acordo com as "confusões" a que já estamos habituados.
será que não podemos deixar tudo como está?

Claudio MGM disse...

Aqui no Brasil o "acordês" está em pleno uso. A nova grafia é utilizada em todos os lançamentos das principais editoras, nas revistas periódicas e nos grandes jornais.

As posições contra o acordo por aqui foram mais no sentido de ele ser "insuficiente" do que seguidoras de uma tendência "conservadora" da ortografia anterior.

Na minha modesta opinião, sou a favor de qualquer iniciativa que permita que não haja um afastamento significativo entre as variantes da nossa língua, pois este afastamento seria extremamente prejudicial ao intercâmbio cultural entre os países lusófonos.

Mais uma vez parabéns pelo teu blogue, que continua excelente.

Anónimo disse...

A língua portuguesa não é a primeira a sofrer alterações deste género. Contudo, nunca vi tais barbaridades noutros acordos.

Os Senhores "Especialistas" responsáveis por este acordo, que já tem 20 anos (eu tenho a (estranha?) tendência de considerar que os anos '90 foram há 10 anos), devem estar a esquecer-se que, omitindo certas letras, estamos, não só, a alterar a pronúncia das palavras (acção > ação = a aberto > (supostamente) a fechado), mas também o seu significado (facto > fato ... eu pronuncio sempre o c! ... ou pára > para ... boa!). Além disso, o Verão, por exemplo, vai começar a ver - no plural ainda por cima.

O acordo parece ter sido elaborado durante um lanche com cafezinho, por uma equipa em busca de compromissos. "Nós abrasileiramos estas e vocês aportuguesam essas, tá?"

Imaginem só se tivessem tirado o p de "rapto" e "apto", o c de "pacto" e "compacto"...
Já basta tirarem o c de "acto" ... em vez de actuar/atuar agora vou atar.

Fica aqui a lista das alterações previstas: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_das_altera%C3%A7%C3%B5es_previstas_pelo_acordo_ortogr%C3%A1fico_de_1990

Ross.