Novo desafio
O que há de errado na frase que se segue?
«Se reaver o dinheiro a tempo, ainda poderei fazer uma viagem ao estrangeiro nas férias.»
Ingredientes: muitos erros, bastantes dúvidas e uma mão-cheia de reflexões. Juntam-se esclarecimentos, correcções e sugestões em quantidade generosa. Tudo polvilhado com bom humor. Porque queremos partilhar a nossa maneira de saborear a língua!
O que há de errado na frase que se segue?
«Se reaver o dinheiro a tempo, ainda poderei fazer uma viagem ao estrangeiro nas férias.»
Por S. Leite às 08:53 10 comentários
Por S. Leite às 22:37 24 comentários
Palavras-chave: desafio
Os dicionários informam-nos que o verbo desenhar vem do latim designāre, que significava «marcar (de maneira distintiva), representar, designar; indicar», etc. – segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Assim, conclui-se que os verbos desenhar e designar têm a mesma origem – qualquer pessoa perceberá isso sem dificuldade.
No entanto, quando falo com profissionais dessa nova arte que é o design, e se os confronto com a possibilidade de me referir à sua profissão como o “desenho”, para evitar o anglicismo, eles tentam quase sempre convencer-me de que design e desenho são coisas COMPLETAMENTE diferentes e o termo design não é um estrangeirismo, porque provém do latim.
Alguns procuram mesmo explicar-me que, enquanto o verbo desenhar corresponde à acção de representar uma forma graficamente, fisicamente, o design – que dos dois termos é o único, alegam eles, que vem do latim designāre – refere-se ao acto de apontar ou indicar – cujas implicações são espirituais, senão mesmo demiúrgicas. Aliás, para eles, isto faz todo o sentido, porque afinal o designer é um puro designador, mas não desenha nada. Quando muito, manda outros desenharem por ele.
Sinceramente, escapam-me estes raciocícios. Até entendo que um designer vista assim a sua camisola, defendendo a todo o custo a essência conceptual da sua profissão. Mas não consigo perceber como pode fechar os olhos perante aquilo que é óbvio. Afinal, não há mal nenhum em usar um termo estrangeiro para designar um conceito novo, para o qual achamos que a palavra antiga, já carregada de acepções, não serve totalmente. Foi o que aconteceu com teste, que também veio do inglês, apesar de ter origem latina. E não há mal nenhum nisso!
Por S. Leite às 16:01 1 comentários
Palavras-chave: palavras
As acções eficazes de voluntariado dependem da boa-vontade de uma minoria preserverante, embora muitos hajam no sentido de ajudar o próximo no dia a dia. Só apartir do momento em que o Governo e as autarquias adequem a legislação às necessidades efectivas dos mais carênciados e de quem os assiste poderão haver condições para querer que a sociedade é solidária, pois promove o bem e incentiva os cidadãos a pratica-lo.
Por S. Leite às 19:30 7 comentários
Palavras-chave: desafio
Não sei se repararam que temos publicado cada vez com menos frequência...
Não sei se repararam que os comentários aos textos escasseiam cada vez mais...
É a chamada "pescadinha de rabo na boca", uma excelente imagem deste círculo vicioso: escrevemos menos por falta de incentivo por parte dos leitores, mas os leitores talvez comentem menos por falta de estímulo da nossa parte!
Por S. Leite às 23:25 10 comentários
Palavras-chave: divagações
Apeler em francês quer dizer “chamar”. Daí o adjectivo apélatif, que significa em português chamativo, ou seja, que chama a atenção.
Agora, porém, está na moda dizer que as coisas são (ou não) “apelativas”, quase ninguém diz que são chamativas.
No entanto, nem mesmo o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, que é tão “para a frentex”, regista esse sentido para o adjectivo apelativo, que significa «Que chama ou invoca, que apela» (derivado, naturalmente, do verbo apelar), ao passo que chamativo designa, realmente, algo «Que chama a atenção, vistoso». É, portanto, clara a diferença: o que é apelativo apela, exorta; o que é chamativo chama, atrai.
Assim, quando dizemos que as cores vivas tornam o espaço mais “apelativo”, devemos, na realidade, dizer “mais chamativo”, para chamar as coisas pelos seus nomes!
Por S. Leite às 12:25 0 comentários
Palavras-chave: divagações , palavras , parónimos
O Acordo Ortográfico contempla, no seu preâmbulo, o seguinte artigo:
«Artigo 2.º
Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração, até 1 de Janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas.»
Ora, o que eu pergunto é: quando é que se vai começar a fazer este vocabulário, que é imprescindível para a concertação da tal ortografia (supostamente) comum?
Em Portugal, um dos “órgãos competentes” será certamente a Academia das Ciências de Lisboa. Os outros não sei quais são, confesso. E pergunto-me, assumindo desde já, publicamente, a minha ignorância: não haverá por cá uma Academia das Letras (de uma qualquer cidade portuguesa, não precisa de ser lisboeta) que possa dar conta do recado? Quer-me parecer que a tarefa é demasiado titânica para uma Academia que já deve ter pano para mangas ocupando-se das ciências todas que existem...
Por S. Leite às 23:54 0 comentários
Palavras-chave: Acordo Ortográfico
Confesso que cada vez tenho mais dificuldade em compreender as mensagens que os jovens escrevem uns para os outros hoje em dia. Talvez o objectivo deles também passe por aí – dificultar a compreensão por parte dos “cotas” – apesar de me parecer que a principal razão “pk xcrevem axim” é simplificar a ortografia.
Simplificar, por si só, não é um objectivo condenável. Basta lembrar que é uma das grandes vantagens da reforma ortográfica, para os seus defensores. O problema é que a substituição de umas letras por outras – nomeadamente o q pelo k e o s/ch/ç pelo x – , aliada à falta de leituras de qualidade, vai progressivamente criando imagens mentais das palavras que se afastam da sua grafia oficial.
Rapazes e raparigas com quem tenho falado garantem-me que não, que conseguem escrever “normalmente” sempre que é preciso, que só usam essa escrita abreviada e simplificada nas mensagens de telemóvel e correio electrónico. Eu dou-lhes o benefício da dúvida. Até porque, pela minha experiência como professora, a maior dificuldade da juventude que acaba o secundário e ingressa no ensino superior já nem sequer é escrever sem erros, mas algo muito mais grave: exprimir ideias através de palavras adequadas e frases gramaticalmente aceitáveis.
Nesse sentido, a grande polémica em torno do Acordo Ortográfico parece-me às vezes uma patetice, um devaneio de intelectuais alheados do que realmente interessa na sociedade, no que diz respeito ao uso da língua. E apetece-me dizer «venha o Acordo e depressa! Ao menos assim, os alunos que cometem actualmente vinte erros num ditado de 100 palavras passarão a cometer apenas quinze!»
Por S. Leite às 10:05 6 comentários
Palavras-chave: Acordo Ortográfico , divagações , ortografia
Há quem tenha dúvidas sobre acentuação e há quem tenha certezas, mesmo estando errado...
Nesta paragem de autocarro, no Algarve, não há dúvida: o ditongo "ui" na palavra gratuito foi substituído por um hiato, isto é, as duas vogais pertencem, pelos vistos, a sílabas diferentes (para quem escreveu a palavra assim) e o "i" tornou-se a única vogal tónica.
Ui...
Por S. Leite às 18:06 1 comentários
Palavras-chave: acentuação , ortografia