Mais bom e mais mau?
Muita gente dirá, sem reflectir, que "mais bom" e
"mais mau" são formas incorrectas de usar o grau comparativo desses adjectivos. No entanto, não são. Tudo depende do contexto...
O comparativo regular "mais bom", ou "mais mau", pode e deve usar-se quando comparamos adjectivos diferentes (um das quais é bom ou mau) no mesmo ser ou coisa.
Por exemplo: “ele é mais bom do que inteligente”.
Nesta frase, teria outro sentido dizer “ele é melhor do que inteligente”. Porque o que pretendemos dizer é que ele possui a qualidade da bondade em quantidade superior relativamente à qualidade da inteligência e não que ele possui uma qualquer qualidade (indeterminada) que é superior à inteligência.
Outro exemplo: posso referir-me a um cão que é “mais mau do que estúpido”
Ou seja, o cão revela, para mim, maldade em grau superior, relativamente à sua estupidez.
Mais uma vez, usar o comparativo irregular - “o cão é pior do que estúpido” - implicaria uma ideia diferente.
10 comentários :
Muito obrigada por este blog. Eu quero aprender Português e há poucos recursos disponíveis. Eu vou voltar em breve. :) -AnneK
Fiquei impressionado com as diferenças que existem entre as gramáticas portuguesa e brasileira. Certos tempos e formas verbais que vocês utilizam aí simplesmente não fazem parte das nossas realizações gramaticais. Por outro lado, algumas regras ortográficas e outros tempos e formas verbais se realizam de forma diversa aqui no Brasil. Todavia, geralmente dá para compreender, mesmo com as diferenças.
Ouvi dizer - não sei se é verdade -, mas as formas dos graus de adjetivos "melhor", "maior", "pior" e "menor" não existem na gramática lusitana. É vero?
Existem, sim, Misael. Por isso mesmo, muitos portugueses julgam que as formas regulares "mais bom" e "mais mau" pura e simplesmente não existem. Todavia, há uma diferença entre as gramáticas lusa e brasileira nesse aspeto: enquanto no Brasil é incorrecto usar a expressão comparativa "mais pequeno", usando-se apenas a forma irregular "menor"; em Portugal "menor" é forma pouco usada, optando os falantes, na maior parte dos casos, pela comparação regular "mais pequeno do que". O mesmo não acontece com "mais grande", que em Portugal é considerada comparação incorreta.
Cumprimentos!
Autores brasileiros, como se pode verificar no Corpus do Português (http://corpusdoportugues.org/), usaram mais pequeno, como Lima Barreto, João do Rio, Simões Lopes Neto, Pedro Corrêa Cabral, Nelson Rodrigues, todos no século XX, isso sem contar os casos de mais pequenininho e mais pequenino, que ficariam muito sem graça na forma menor(e)zinhos. São os brasileiros que se julgam cultos (sem o serem) que afirmam não ser correto mais pequeno e dizem coisas muito piores. As crianças, até serem corrigidas pelos pais, e o vulgo "menos letrado" usam mais pequeno sem pejo algum.
Interessante esse esclarecimento! Sou um curioso por línguas, e ultimamente tenho pesquisado mais acerca das diferenças entre os tão difundidos português-PT e português-BR. Foi bom buscar a resposta para a minha pergunta diretamente na fonte (Portugal). Quem sabe não existem mais mitos que são disseminados sobre a gramática portuguesa aqui no Brasil?
Vocês, aí de Portugal, nunca tiveram a curiosidade de saber se o que vocês ouvem falar da gramática brasileira é realmente verdadeiro?
É um caso a se pensar...
Agradeço os esclarecimentos! De facto, no Brasil todas as pessoas que me ouviram dizer "mais pequeno" tiveram a reação típica de quem ouve um erro gramatical e eu acabei por acreditar que seria mesmo!
Quando li o post achei que se iriam referir algo do género "fulano tem mais bom aspecto do que sicrano".
Nesse caso, seria correcto dizer "fulano tem melhor aspecto do que sicrano", não...?
Os autores citados, exceção do Nelson (e mesmo assim talvez numa 'tradução'do PT-BR para o PT-PT tão cara aos jornalistas lusos), são todos mais do século 19 do q do século 20 e portanto mais ligados AINDA a uma digamos gramática lusitana. Quem diz q não é correto o mais isso e mais aquilo (salvo exceções, uma delas usada, corretamente, pelo ex-presidente Lula e criticado erroneamente por uma colunista de economia famosa q acabou comendo mosca por não conhecer as exceções) é a NGB, Nomenclatura Gramatical Brasileira e não os 'brasileiros', q falam apenas pela sua própria gramática. E quem quer viver ou trabalhar no Brasil terá q a adotar. Não fazemos regras para os outros, no caso para os lusos ou para outros países, fazemos para nos mesmos e entre nós falar assim é errado (salvo uma exceção ou outra).A criança de fato fala dessa maneira mas até ser alfabetizada já q ainda não está sob a égide da NGB. Brasileiros 'tropeçam' na gramática BRASILEIRA do mesmíssimo modo como o fazem os lusos com a sua. E do q eu vejo em jornais lusos nem dicionários a maioria dos q lá comentam tem o hábito de usar. Os lusos tb estão longe de serem cultos, educação de qualidade só apareceu para todos nas últimas décadas com a democracia e com os fundos da UE.
Os autores citados, exceção do Nelson (e mesmo assim talvez numa 'tradução'do PT-BR para o PT-PT tão cara aos jornalistas lusos), são todos mais do século 19 do q do século 20 e portanto mais ligados AINDA a uma digamos gramática lusitana. Quem diz q não é correto o mais isso e mais aquilo (salvo exceções, uma delas usada, corretamente, pelo ex-presidente Lula e criticado erroneamente por uma colunista de economia famosa q acabou comendo mosca por não conhecer as exceções) é a NGB, Nomenclatura Gramatical Brasileira e não os 'brasileiros', q falam apenas pela sua própria gramática. E quem quer viver ou trabalhar no Brasil terá q a adotar. Não fazemos regras para os outros, no caso para os lusos ou para outros países, fazemos para nos mesmos e entre nós falar assim é errado (salvo uma exceção ou outra).A criança de fato fala dessa maneira mas até ser alfabetizada já q ainda não está sob a égide da NGB. Brasileiros 'tropeçam' na gramática BRASILEIRA do mesmíssimo modo como o fazem os lusos com a sua. E do q eu vejo em jornais lusos nem dicionários a maioria dos q lá comentam tem o hábito de usar. Os lusos tb estão longe de serem cultos, educação de qualidade só apareceu para todos nas últimas décadas com a democracia e com os fundos da UE.
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