Resserção, ressarço, ressarcimento... afinal, como é?!
O verbo ressarcir (que significa compensar, indemnizar) terá, ou não, um nome correspondente?
Que esse nome faz falta, não há dúvida. Em frases como aquela que vos forneci no desafio anterior, aparece pelo menos uma tentativa de aproximação, no sentido de referir o "acto ou efeito de ressarcir". Mas é usado o termo "resserção", que não só não existe em português, como não está bem formado, do ponto de vista morfológico, pois a vogal que se segue à consoante "s" deveria ser um "a", como acontece na forma de base, e não um "e".
Posto isto, e tendo em conta as sugestões de correcção dadas por alguns leitores nos comentários, temos as seguintes hipóteses: ressarço e ressarcimento. Ambas estão - aparentemente - bem formadas: ressarço é uma derivação regressiva, como empenho, de empenhar, uso, de usar, ou apelo, de apelar. Ressarcimento é derivada por sufixação, pois acrescentou-se o sufixo nominal "-mento" ao radical verbal "ressarc(i)". Mas será que existem nos dicionários de língua portuguesa?
Ressarcimento sim, é mesmo o que pretendemos: acto ou efeito de ressarcir, o mesmo que compensar ou indemnizar.
Ressarço, porém, não existe (enquanto nome)... e por que motivo? Tradicionalmente, a forma verbal "ressarço", da qual adviria o substantivo idêntico, não era considerada legítima. É que o verbo ressarcir tem sido considerado defectivo, só se podendo conjugar nos tempos e pessoas em que se mantém o "i" após o radical (ressarcimos, ressarci, ressarcíssemos...). Ora, esse i não está presente em "ressarço".
Contudo (e lá vem a controvérsia, a ambivalência, a confusão!), há dicionários e bases de dados que contemplam todas as flexões do verbo ressarcir, incluindo as tais "proibidas" - basta ir à Mordebe. Ao que parece, portanto, o nome "ressarço" tem já consagrada a flexão que lhe daria origem. Ainda assim, não o encontrei atestado enquanto substantivo. Será apenas uma questão de tempo?