Jogo de construções
A língua é como um daqueles jogos para fazer construções: podemos passar horas a montá-la e a desmontá-la, brincando com as peças todas ou apenas com algumas, combinando-as, desmontando-as e recombinando-as (o corrector do Word acaba de me sublinhar este termo. Qual é o problema?! Já confirmei que existe na Infopédia...!).
Mesmo que a nossa criatividade não seja por aí além, todos inventamos novas palavras à medida que vamos comunicando, quer nos apercebamos disso, quer não. A tal ponto, que, se nos detivermos sobre alguns termos que utilizamos, talvez não saibamos dizer se existem, de facto, na nossa língua. E o facto de estarem ou não consagrados nos dicionários é secundário, desde que todos usemos a mesma “matéria-prima”. Essa é a única condição para que nos entendamos.
Podemos, por exemplo, formar novos advérbios terminados em -mente, como “parvamente”, “digitalmente” ou “arrumadamente”, e qualquer pessoa entenderá o seu significado. Podemos criar novos substantivos com os sufixos -ada ou -ismo (entre tantos outros), como “clicada” ou “chico-espertismo”, que toda a gente perceberá o que queremos dizer. Podemos inventar novos adjectivos com prefixos como a- e des-, como “associal” ou “desfundo”, e ninguém terá dúvidas sobre o seu sentido. Podemos, ainda, formar verbos com -izar ou -ar, como “oscarizar” (que o Jaime já constatou ter sido usado pelo menos numa notícia de jornal!) ou “e-mailar”... enfim! Os únicos limites são a quantidade de “peças” do jogo e a nossa imaginação. Porque, teoricamente, o número de criações possíveis é infinito!
2 comentários :
Esses jogos são muito à frente para mim :s
Não sei porquê! Talvez lhe falte simplesmente a apetência... mas não a aptidão!
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