Ao escrevermos, sobretudo quando pretendemos expressar-nos numa linguagem mais cuidada, temos tendência para usar certas estruturas perifrásticas que parecem tornar as frases mais bem sonantes, mais eruditas. Perifrásticas porque implicam, em muitos casos, usar mais palavras do que seria necessário para veicular uma ideia com clareza. Porque, bem vistas as coisas, tanto de forma a como por forma a servem para dizer para, com três palavras em vez de uma só.
Mas qual das duas será, para quem opta por usar esses termos, a mais legítima?
Sugeria um leitor, ao colocar-nos esta dúvida, que talvez fosse para evitar a ambiguidade da expressão de forma a (que, ao ser pronunciada, tem o mesmo som de “deforma-a”) que muita gente passou a usar antes a expressão por forma a, com o mesmo significado.
O problema – que não é um verdadeiro problema – está na escolha entre uma e outra, quando o objectivo é usar correctamente a nossa língua: é que a locução de forma a é desaconselhada pelos puristas, que a consideram um galicismo desnecessário (ver Ciberdúvidas) mas, por outro lado, a expressão por forma a ainda não foi dicionarizada, portanto também não será 100% correcta, se quisermos ser completamente rigorosos.
Todavia, trata-se de um falso problema, uma vez que nunca ninguém precisou que as locuções aparecessem nos dicionários para as utilizar. E quanto aos galicismos, há muitos outros que já vingaram em português e que passam hoje despercebidos, como pôr ou colocar uma questão, a nível de, face a, etc. ...
A mim dá-me mais jeito dizer "de forma a" do que "por forma a"! *
ResponderEliminarO Google dá 1270 mil hits a "de forma a" e 1090 mil hits a "por forma a", pelo que a primeira é 17% mais correcta que a segunda. :-)
ResponderEliminarMas isto não é completamente absurdo: às vezes a correcção ou não de uma expressão depende de ela estar consagrada pelo uso, e o Google pode ser útil para quantificar usos.
Jaime
www.blog.jaimegaspar.com
Tens razão, Jaime. Mas não convém confiar demasiado no Google. Porque há muito erro que, por essa ordem de ideias, já estaria mais do que consagrado :)
ResponderEliminarPois, acho muita graça aos comentários de consagrar os termos de acordo com o seu uso... Por exemplo, se todos começarmos a substituir o substantivo HOMEM por CABRÂO, este adquirirá o significado de HOMEM e virá a constar no dicionário??? Com franqueza!!! O mesmo se passa com o acordo ortográfico que desvirtua completamente a língua e, particularmente, a fonética portuguesa ... e para quê? Essa é a questão principal... Os objectivos dissimulados e ínvios deveriam ser desmascarados.
ResponderEliminara Maria além de desagradável deve ser fufa...
ResponderEliminarMaria, se grande parte da população passar a usar cabrão, para homem, daqui alguns anos poderemos encontrar como sinônimos sim... porque quem transforma a língua são os falantes... na gramática é mais complicada a transformação...
ResponderEliminar