Vivemos na era da imagem. O corrupio para os ginásios e para as clínicas de beleza espelha uma verdadeira obsessão pela figura perfeita.
E a língua não escapou a esta vaidade excessiva. Também ela usa cada vez mais maquilhagem e mais adornos, e como se o produto nacional não fosse de boa qualidade, procuramos embelezá-la com adereços vindos de fora.
No universo da moda, as manequins não se podem esquecer dos seus
books e
composites sempre que vão a um
casting. E o
look convém ser bastante
clean, por isso não devem exagerar na
make-up!
No meio publicitário, qualquer projecto começa com um
briefing dado pelo cliente, que define o
deadline e aprova ou não o
budget.
Na praia, os surfistas procuram ondas para exibirem os seus
drops e os seus
snaps. E se o mar estiver
flat ou houver muito
crowd, o melhor é fazer um
jogging matinal ou então ficar deitadinho na toalha a apanhar banhos de sol.
E por falar em sol, não adianta tapá-lo com a peneira. Os estrangeirismos estão por todo lado, qual praga veio para nos consternar. Decididamente, entraram sem pedir licença.
Mas eles não vivem apenas em “condomínios fechados”. Eles coabitam cada vez mais em lugares comuns: no
shopping, a
fast food; nas lojas, os
tops e as
t-shirts, no cabeleireiro, o
brushing; na rua, o
carjacking; na escola, o
bullying…
E desengane-se quem pensa que os usamos por necessidade linguística. A verdade é que os usamos por moda, por prestígio e por estatuto social.
Porque há ou não um certo
glamour (desculpem, queria dizer
encanto!) em dizer
spa em vez de termas,
resort em vez de estância,
feedback em vez de retorno,
performance em vez de desempenho,
nuances em vez de madeixas?!
Encanto para uns, tormento para outros…
Um autêntico tormento para quem vê no estrangeirismo uma ameaça ao seu património linguístico e cultural.
Mas não há nada que possamos fazer, senão rendermo-nos às evidências…
E por enquanto ainda os utilizamos gratuitamente. Mas não deve faltar muito para que tenhamos de pedir licença para os usar:
empresta-me essa palavra, se faz favor?