Ingredientes: muitos erros, bastantes dúvidas e uma mão-cheia de reflexões. Juntam-se esclarecimentos, correcções e sugestões em quantidade generosa. Tudo polvilhado com bom humor. Porque queremos partilhar a nossa maneira de saborear a língua!
21 dezembro 2007
19 dezembro 2007
ENIGMA
17 dezembro 2007
Tradução de sons?
Há uma aparente incongruência nas onomatopeias: se são palavras que procuram reproduzir os sons que representam, como se justifica que sejam tão diferentes de língua para língua? Será que um inglês ouve o ladrar do cão de maneira diferente de um português?
Tudo indica que sim. É certo que o mugido das vacas soa mais ou menos ao mesmo em todo o lado. A divergência na sua representação escrita é mínima: de mu (italiano) para meu (francês), passando por muhh (alemão), não há nada que nos espante.
Mas como se explica que as rãs façam croac em Portugal e brekeke na Hungria, que o oinc-oinc dos porcos seja gmy na Catalunha, que o cacarejar das galinhas seja cró-cró para os portugueses e kut-kudaj para os russos? Sabem como relincha um cavalo inglês? Neeeigh! Francamente!
Torna-se óbvio que, ou os animais de países diferentes não conseguem comunicar quando se vêem, ou as línguas que falamos condicionam a nossa capacidade de ouvir.
Nota: a Wikipédia tem uma lista de onomatopeias em diversas línguas, de onde retirei alguns exemplos.
14 dezembro 2007
Há cerca de / acerca de
Comecemos pela que origina mais erros ortográficos: acerca de. É muito frequente vermos um acento grave na primeira vogal desta palavra: * àcerca de. Apesar de se pronunciar /á/, não se escreve com qualquer acento.
Esta palavra significa “sobre, a respeito de”, por exemplo:
(1) Preciso de falar contigo acerca de um assunto.
A expressão há cerca de pode exibir dois significados: um relativo a tempo e outro relativo a espaço.
Quando significa tempo, pode ser parafraseada por “faz aproximadamente”:
(2) Não os vejo há cerca de dois anos. (faz aproximadamente dois anos)
Quando significa espaço, pode ser parafraseada por “existem aproximadamente”:
(3) Nesta gaveta, há cerca de trinta revistas antigas. (existem aproximadamente trinta revistas).
12 dezembro 2007
"Como deve de ser" ou "como deve ser"?
Há muita gente a dizer "deve de ser" e "deve de fazer", mas a verdade é que não estão a falar como deve ser...
10 dezembro 2007
«Em rigor» ou «a rigor»?
Eis duas expressões muito parecidas, mas que, pelo menos em português europeu, têm sentidos diversos:
A locução em rigor pode ser interpretada literalmente, pois costuma preceder explicações ou exposições de ideias que se pretendem exactas. Pode ser, portanto, substituída pelo advérbio rigorosamente: por exemplo, na frase: «Em rigor, deveríamos dizer “o afluxo de pessoas”, em vez de “o fluxo de pessoas.”»
A expressão a rigor não deve ser usada como sinónimo da anterior, pois o seu significado já tem um cariz mais idiomático. Usa-se, sobretudo, a propósito de indumentária e significa de acordo com as exigências da ocasião. Assim, se vamos vestidos a rigor para uma festa, tanto podemos ir mascarados de vampiros (se for um baile de máscaras), de fato escuro e gravata ou vestido comprido e saltos altos (se for um jantar de gala), como, até, de pijama!
07 dezembro 2007
Desafio sintáctico
E, já agora, atrevem-se a corrigir as que apresentam incorrecções sintácticas?
1. A Inês perguntou ao namorado onde é que ele foi depois de a deixar em casa.
2. Apesar do jornalista ter exibido o seu cartão, o polícia não o deixou entrar.
3. A falta de pontualidade foi talvez um dos motivos que mais contribuiu para o seu despedimento.
4. Um dos requisitos desse emprego é conseguir trabalhar sobre pressão.
5. As entrevistas dos jornalistas deverão ser o mais breves possível.
05 dezembro 2007
TER MATADO, TER ACEITADO
Alguém explica a estes senhores que com o auxiliar TER se usam as formas participiais regulares (terminadas em -ado e -ido) dos verbos que têm duplo particípio passado?
Quando é que eles passarão a dizer TER MATADO e TER ACEITADO? Quando a hipercorrecção tiver vingado e o que está hoje errado se tornar correcto?!