Quando dizemos às crianças (ou a adultos) que se "portem bem", estamos na verdade a dizer que se devem comportar convenientemente.
Sempre me intrigou esta espécie de truncamento ao contrário, que é o que me parece que aconteceu, quando se passou de comportar-se a portar-se. Afinal, qual é a lógica de pensar que "portar-se", em termos de comportamento, vem de portáre, que em latim significava levar ou transportar? As pessoas que se "portam" assim ou assado não se transportam nem se fazem transportar...
Para mim, faria mais sentido concluir que simplesmente se abreviou o verbo comportáre, que também vem do latim e queria dizer reunir, acumular. Ainda hoje, comportar é mais ou menos o mesmo que "conter, apresentar em si", logo, enquanto verbo reflexo, significa manifestar determinadas atitudes, agir. Até porque, em boa verdade, dizemos coisas como "portou-se mal" num discurso informal, mas tendemos a repor o prefixo quando queremos falar de forma mais cuidada ("comportou-se mal").
Isto é mera especulação, dado que não consegui chegar a uma conclusão rigorosa e definitiva através das fontes que consultei (O Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências e a Infopédia da Porto Editora). Mas é da especulação que nasce o diálogo e, neste momento, estamos aqui com falta de diálogo!
Coincidência, ainda hoje pensei nisso a propósito da despedida «porta-te bem!»
ResponderEliminarJaime
www.blog.jaimegaspar.com
Obrigada, Jaime. É sempre bom sabermos que o nosso pensamento coincidiu com o dos outros... :)
ResponderEliminare se esse : porta-te bem de despedida fosse um paralelismo com o : porte-toi bien de despedida do frances... porta com saude ??????
ResponderEliminarEu penso que (porta-se) quer dizer como eu reajo quando estou sozinho, e (comportar-se) quando estou em grupo de pessoas.
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